sexta-feira, 19 de abril de 2013

Desprezou a misericórdia e trouxe juízo sobre si



(Jn 1.1-2; Jn 3.1-10; Na 1.1-3,7) -  “Deus é amor!”. Essa certamente é uma das expressões bíblicas mais conhecidas. Por meio dela expressamos nossa convicção absoluta acerca da bondade e da misericórdia divina. No entanto, infelizmente ela tem sido usada para alimentar uma idéia defeituosa acerca de Deus que tem prejudicado e até ameaçado a vida espiritual de muitas pessoas. O fato de Deus ser amor em nada o reduz a mero dispensador de perdão. O fato de Deus ser amor não o limita em seu poder e em sua justiça. O fato de Deus possuir um atributo não o exclui de exercer outros de natureza contrária ou conflitantes aos nossos olhos, pois os atributos de Deus são exercidos em harmonia com o que Deus é de fato. 

O livro do profeta Jonas registra que em Nínive capital da Assíria aconteceu o maior avivamento nacional já visto na história mundial. Nínive era uma cidade imbatível, ameaçadora, arrogante, violenta e cruel, e por isso as nações a temiam e lhe pagavam impostos pesados. Nínive era uma cidade bem protegida que media 48 km de extensão por 16 de largura, possuindo cinco muralhas e três fossos. Os muros tinham 30,5 m de altura, eram tão largos que três carros podiam andar lado a lado sobre eles. Essas paredes eram fortificadas com 1.500 torres, cada uma com 61 metros de altura. Ao que parece Nínive era indestrutível.

Diz a bíblia que Deus movido pelo seu amor e bondade envia o profeta Jonas a proclamar uma mensagem de graça, de arrependimento, de compaixão, porém passível de julgamento, de juízo, de condenação caso eles não obedecessem. E para que isso acontecesse, Deus precisou falar duas vezes com o seu profeta, pois da primeira vez ele fugiu da presença do Senhor, porque para Jonas era muito difícil pregar arrependimento, graça e compaixão para uma nação que era a principal inimiga de Israel, uma nação mergulhada na iniquidade e na corrupção. No entanto, depois de sua resistência inicial, Jonas parte para Nínive trazendo consigo uma mensagem curta, simples, porém profunda em seu significado, sua mensagem era: “Ainda quarenta dias e Nínive será subvertida”. Diz a bíblia em (Jn 3) que ele por três dias percorreu toda cidade dizendo: “Deus é gracioso e quer o arrependimento de vocês porque a vossa malícia subiu até ele, e ele já não pode mais suportar além de quarenta dias”. (Jn 3.3-4)


Diz a bíblia então em (Jn 3.5-10) que a mensagem de Jonas foi tão impactante que eles creram em Deus, proclamaram um jejum sincero, vestiram-se de pano de saco e cinza com todo temor, humildade e reverência passaram a confiar e a servir ao Deus Todo Poderoso. Ao ponto, dessa notícia chegar aos ouvidos do Rei, e o próprio rei ter se arrependido do seu mau caminho e de sua violência, e ainda por cima ordenar um jejum nacional, incluindo animais, apregoando que com isso Deus se voltaria para eles, se arrependeria, e o seu furor de sobre eles se afastaria, de modo que eles não pereceriam nas mãos do Todo poderoso. E realmente isto aconteceu como vemos em (Jn 3.5-10).

Amados irmãos aqui está uma das premissas mais preciosas do Evangelho que é Deus buscando salvar a humanidade, Deus amando e se doando a uma sociedade corrupta, infiel e maligna. Deus sendo longânimo e benigno com uma nação que merecia uma justa punição por parte dele. Deus trazendo esperança e alegria de boas novas aos pecadores. Deus trazendo luz para aqueles que estavam em trevas. Deus querendo demonstrar toda a sua bondade e graça aos perversos e ímpios daquela cidade. Deus querendo provocar um arrependimento sincero no coração humano com o fim de salvar.

A Bíblia está repleta de textos que demonstram o amor de Deus pela humanidade e a vontade do Senhor quanto a salvação eterna:

No próprio livro de Jonas 2.9 – “Ao Senhor pertence a salvação!”

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. (Jo 3.16-17)

“Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento”. (Lc 5.32)

“o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”. (1Tm 2.4)

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19)

No entanto, infelizmente o homem muitas vezes despreza a mensagem divina de arrependimento e graça. Deus enviou seu filho para salvar, ele veio para os seus e os seus não o receberam. Diz a bíblia em Isaías 53 que ele era o mais desprezado e rejeitado entre os homens e dele não fizeram caso. Israel rejeitou o verbo vivo, o ente santo, o Deus encarnado, e por isso segundo Atos 13.47 Deus determinou que ele seria então constituído luz para os gentios para a salvação de todos até aos confins da terra. Mas, apesar dessa boa nova e salvação, o homem continua rejeitando Deus, o homem continua se achando auto-suficiente, o homem continua pobre, cego e nu, o homem continua vivendo segundo suas próprias paixões e seus próprios pecados, e com isso ele não consegue perceber que esse Deus que é amoroso, que é misericordioso, que é paciente e benigno, ele é também cheio de ira que não pode contemplar o pecado, é um Deus justo que julga com equidade, é um Deus santo que aborrece a iniquidade, é um Deus que se ira com o pecador.

Diz a bíblia em (Rm 3.23) que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.

Paulo em (Rm 1) faz um retrato fiel do que é o homem hoje: lá diz que o homem mesmo sabendo que Deus existe não o glorifica como Deus, não lhe rende graças. Diz que sua mente se tornou nula em seus próprios raciocínios e o coração obscurecido devido ao pecado. Diz que ele em sua arrogância se faz de sábio, sendo na verdade louco. Diz que ele por ser imoral trocou a verdade de Deus pela mentira honrando e servindo mais a criatura do que o criador, e com isso cometeu torpeza , ao ponto de um homem se relacionar com outro homem e uma mulher com outra mulher. E devido a isso, Deus os entregou as suas próprias paixões para receberem a punição devida ao erro. Em (Rm 1) Deus acusa o homem de estar vivendo em seus próprios pecados, ele diz que o homem está cheio de iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade, inveja, contenda, engano, malignidade. Deus diz que o homem é murmurador, aborrecedor, injuriador, soberbo, presunçoso, desobediente, infiel.

E por isso diz Paulo em (Rm 1.18) que a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens. Impiedade por sua falta de piedade, e perversão por sua falta de moralidade.


A mensagem de Jonas a Nínive era simplesmente Deus querendo ser paciente, amoroso, gracioso e benigno com uma nação ímpia, injusta, infiel e imoral, antes de sua ira ser derramada como um vulcão quando entra em erupção. Antes da sua ira acender como um fogareiro a consumir e a queimar intensamente.

“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]”. (Cl 3.5-6)

“Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”. (Ef 5.5-6)

Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor. (Hb 12.28-29)

“Se não houvesse a ira de Deus, Ele seria indiferente ao pecado, mostraria uma ausência de moral e aceitaria tolices e corrupção. Por Deus ser puro, necessariamente, Ele precisa odiar o que é impuro” (A. W. Pink).

Existe um Evangelho diferente nesses dias sendo pregado dizendo que Deus não se vingará dos pecadores, dizendo que Deus jamais lançaria alguém no inferno, dizendo que debaixo da graça eu posso fazer tudo que achar melhor, dizendo que o amor de Deus é tão grande que ele permite relações promíscuas e impuras em sua congregação. Dizendo que Deus é tão misericordioso que irá salvar todos os pecadores.

Ora meus irmãos pense comigo, se assim o fosse Deus não se importaria em colocar todo mundo na arca de Noé para ser salvo, ele não se importaria em retirar ló de Sodoma e Gomorra, ele não se importaria em enviar o anjo da morte sobre o Egito para salvar seu povo, ele não se importaria em sacrificar o filho da promessa Isaque, ele não se importaria que seu filho unigênito fosse para cruz.

Como Deus quis batizar a cidade de Nínive com seu amor, compaixão, graça e misericórdia, como Deus quis abraçar aquela cidade como a galinha coloca os seus pintinhos debaixo das asas, mas eles não quiseram. Apesar do esforço profético de Jonas em percorrer toda cidade, e apesar dos próprios ninivitas receberem com avidez a mensagem divina do arrependimento, infelizmente eles não permaneceram em seu arrependimento primário, voltaram às costas para Deus, voltaram ao orgulho e a soberba, a prostituição espiritual e a violência. Nínive desprezou Deus com a mesma intensidade de coração com que tinha recebido a mensagem de arrependimento. Nínive foi traída pelo tempo, foi enganada pela rigidez dos corações, se deixou levar pelos seus próprios pensamentos a respeito de Deus. Estava de pé e agora estava caída novamente. Infelizmente, depois daquele lindo avivamento nacional, ela tornou-se ainda mais perversa, criminosa, violenta, cruel e pagã. NÍVIVE VERDADEIRAMENTE DESPREZOU A MISERICÓRDIA! E POR DESPREZAR A MISERICÒRDIA, TROUXE JUÍZO SOBRE SI.

Cerca de 150 anos depois, Deus manda o profeta Naum declarar o seu justo juízo contra ela depois de Jonas ter produzido um despertamento espiritual de grande vulto naquela cidade. É verdade que Naum queria consolar Israel com suas palavras, mas a maior parte de sua profecia ele trata da dura sentença a grande e majestosa cidade de Nínive.

“Sentença contra Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita. O SENHOR é Deus zeloso e vingador, o SENHOR é vingador e cheio de ira; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés”. (Na 1.1-3)

“O SENHOR é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”. (Na 1.7)

Observe que o Deus de Naum é o mesmo Deus de Jonas. Ele é bom, ele é fortaleza, ele conhece os que nele se refugiam, ele é tardio em irar-se por isso é longânimo. Mas, ele também zeloso, vingador, cheio de ira, cheio de indignação, grande em poder que não inocenta o culpado e por isso é justo.

Naum descreve sim o juízo de Deus, mas não nega seu amor e misericórdia. A Bíblia nos mostra que apesar de Deus ser compassivo e longânimo, ele também é justo e rigoroso.

A expressão “tardio em irar-se” nos ensina que a ira de Deus não é um impulso descontrolado. Deus trata os homens de modo paciente e bondoso sempre, alertando-os sobre seu pecado e dando a eles o tempo necessário para se arrepender, como foi com Nínive. “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. (2Pe 3.9). Diz-nos a Bíblia que o nosso Deus é tão paciente que ele não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se arrependa e se converta dos seus maus caminhos. “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33.11)

O problema é que esse Evangelho fajuto que aí está faz com que muitos confundam paciência de Deus com fraqueza ou injustiça. Queridos Deus é grande em poder e não inocenta o culpado. Deus até posterga o seu julgamento em favor do homem, mas jamais o anula. Deus é paciente, mas jamais deixa de ser justo. Segundo as Escrituras seu juízo é inevitável, justo e imparcial.

Deus quis salvar Nínive, Deus quer salvar o Brasil, o Rio de Janeiro, Olaria, mas se faz necessário arrependimento de pecados. “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4)

Deus quis salvar o profano Esaú, mas ele não achou lugar de arrependimento.  “nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado”. (Hb 12.16-17)

“Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”. (2Co 7.10)

Não despreze a misericórdia, pois Deus pode trazer juízo sobre ti!

Bendito para sempre seja o Evangelho!

Pr. Flavio Muniz

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Palavra de Nova Vida - Pr. Flavio Muniz

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