(Mt 15.21-28) - Há algum tempo atrás a televisão veiculou uma propaganda onde se fazia
a seguinte afirmação: EU SOU BRASILEIRO! E NÃO DESISTO NUNCA! Esta campanha
visava aumentar a auto-estima do povo brasileiro, mostrando histórias de
pessoas que superaram obstáculos e venceram na vida. No entanto, algo nos
chamou a atenção e era comum em todas as propagandas, é que em todas as
histórias retratadas, A PERSEVERANÇA era um fator preponderante para a
superação.
O texto que lemos nos mostra uma história não somente de superação e
milagre, mas nos mostra uma história de vitória por meio da fé, na verdade por
meio de uma FÉ PERSEVERANTE. E quando nós falamos de fé, nós precisamos olhar
para bíblia para aprendermos sobre a fé, e talvez você se pergunte: porque nós
precisamos olhar pra bíblia para aprender sobre fé? A resposta é simples, a
bíblia diz em Hb 12.2 que Jesus é o autor e consumador da nossa fé, ele não é
somente o objeto de culto da nossa fé, ele é o amém da nossa fé, porque a
consumou na cruz fazendo ratificar suas promessas sobre nós. “Porque quantas são as promessas de Deus,
tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus,
por nosso intermédio”. (2Co 1.20).
O que é a fé? Qual é a natureza da nossa fé? (Hb 11.1) - Nossa fé é baseada na Palavra, “certeza de
coisas” e “ convicção de fatos” que já nos foram dados por promessa de Deus em
sua maravilhosa palavra. Na verdade, podemos simplificar e dizer que: “a Fé é o título de propriedade daquilo que
sabemos que possuímos, apesar de não o termos visto ainda”. A fé é a
confiança das coisas que se esperam; a convicção daquilo que não se vê. É um
estado de mente que dá a certeza de que aquilo que se espera será recebido eventualmente;
é a convicção de que a Palavra de Deus é verdadeira ao falar de coisas que não
podem ser vistas nem discernidas pela razão.
Eu poderia dizer também que: fé
é crer que Deus não mentiu! Um fato muito interessante que precisamos saber a respeito da fé, é
que: Deus nunca pediu que manifestássemos fé por algo que ele primeiro não nos
tinha prometido fazer! Certo escritor disse: “Deus trata com seus filhos assim: ele
primeiramente nos dá uma promessa, e quando essa promessa produz fé no coração,
ele a cumpre!”.
A fé que vem de Deus, se baseia na certeza
da sua vontade. E conhecer sua vontade é a base da nossa certeza. A fé se baseia no fato de que Deus falou.
Sem a revelação, pode haver imaginação, mas não pode haver fé. Pode haver
filosofia, mas não pode haver fé.
Leia isso com atenção: A fé dirá a respeito de si mesma tudo quanto a Palavra diz, porque a fé
em Deus é simplesmente fé na sua palavra. E fé na palavra significa, que se ela diz que Deus suprirá todas as
minhas necessidades, então Deus assim fará, se ela diz que Deus é nosso escudo,
então ele vai nos proteger, se ela diz que ele é o meu pastor, então nada vai
me faltar etc.
E porque
trazer a luz a definição da fé bíblica descrevendo sua natureza? É porque nós
temos visto vários tipos de fé que não se coadunam com a fé bíblica:
1- A fé natural: Esta é aquela fé que todo ser humano tem.
Até mesmo o ímpio tem este tipo de fé. Por exemplo: todos creêm que o sol
nascerá amanhã. Este tipo de fé não serve para nos aproximar de Deus. Precisamos
crer com confiança e esperança em Deus através de sua Palavra.
2- A fé no pastor: Este tipo de fé está enraizado na pessoa
e não em Deus. Do tipo:" Se o pastor fulano orar por mim eu serei
curado".
3- A fé na religião: Esta é a fé que acredita que, esta ou
aquela igreja ou religião é que tem poder.
4- A fé ritualística: É aquela que precisa de ritual para o
milagre acontecer, como: "Se eu beber água ungida serei curado ou se eu tocar
no manto que o pastor passou na igreja, ou se eu usar a fitinha de Israel na
mão direita vou arrumar um emprego",etc.
5- A fé infantil: Paulo nos adverte para não sermos como
meninos que se alimentam de leite e não de alimento sólido. Existe cristãos que
acreditam em tudo o que ouvem, não conseguem discernir entre a vontade de Deus
e a vontade carnal, não conseguem esperar o tempo de Deus em suas vidas e fazem
biquinho quando as coisas não acontecem.
6- A fé consumista: Esta é a fé daqueles que só querem
receber a benção, estão sempre precisando de um milagre. A igreja para eles é
um shopping: eles passam para adquirir algo de Deus e depois voltam e assim
vai. Deus é consumido e não adorado em espírito e em verdade.
Mais existe um tipo de fé que agrada a Deus, esta é a FÉ PERSEVERANTE.
Fé perseverante é a fé daqueles que realmente conhecem a Deus e alcançam
vitórias e testemunhos inigualáveis, esta é a fé dos heróis da fé citados em
Hebreus 11 – Abel, Abrãao, Moisés, Noé, etc.
Perseverar é conservar-se
firme, constante e inabalável. Perseverar é prosseguir, é persistir, é
continuar. Perseverar é ser persistente. A Bíblia nos fala bastante sobre
perseverança:
Quando se refere à salvação – “É na vossa perseverança que ganhareis
a vossa alma”. (Lc 21.19).
Quando se refere a carreira
cristã – “...corramos,
com perseverança, a carreira que nos está proposta (Hb 12.1)
Quando se refere à batalha
espiritual – “com toda
oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com
toda perseverança e súplica por todos os santos”. (Ef 6.18).
Quando se refere às virtudes
cristãs – “por isso
mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a
virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio;
com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; (2Pe
1.5-6).
O texto que lemos em Mateus 15 nos ensina a como exercermos uma fé
perseverante em meio as várias situações que a vida nos apresenta. Não basta
sermos cristãos e termos fé, nós precisamos saber confessar a nossa fé através
de um exercício diário de vivência dentro das experiências que Deus nos
proporciona. Essa mulher Cananéia do texto, nos ensina muito sobre a
perseverança, a como vencer com uma fé perseverante:
1 - Perseverança mesmo diante
do aparente silêncio de Deus – O Evangelho de (Mc 7) diz que Jesus conseguiu uma casa para
repousar na região de Tiro e Sidom. Aliás, esta foi uma das poucas vezes que
Jesus se ausentou da Palestina. Fato é que Ele não queria ser incomodado por
ninguém, mas uma mulher ouviu dizer que ele estava ali e no bom sentido
resolveu acabar com o seu sossego. Ela vai até o Senhor Jesus com um problema
que afligia sua vida familiar, pois sua filha estava horrivelmente
endemoninhada. Ela se apresenta diante do Senhor com um clamor por ajuda.
Segundo Marcos ela se prostra, se rende, em total adoração, e clama (Mt 15.22).
Mas, surpreendentemente Jesus não lhe responde palavra alguma, ele fica em
silêncio (Mt 15.23a).
Esta mulher possivelmente era viúva, solitária, com um grande problema
para resolver (sua filha endemoninhada). E agora ela vê tudo o que lhe restava de precioso na vida sendo
perdido, e por isso esta mulher estava sofrendo muito. Ela via sua única filha
padecendo sob o poder diabólico, sofrendo de um mal que os médicos não sabiam
curar, sendo envergonhada, não podendo viver de modo perfeito e intenso:
estudar, brincar, etc. E simplesmente Deus fica em silêncio, um silêncio
pertubador. O que você faria no lugar dela? Aliás, o que você faz quando Deus
fica em silêncio? Você desiste ou você persevera? Qual a sua postura em meio ao
silencio divino na sua vida?
Davi sentiu na pele o silêncio
divino em sua vida: “Até
quando, SENHOR? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim
o rosto? Até quando estarei eu relutando
dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá
contra mim o meu inimigo? (Sl 13.1-2)
O profeta Habacuque também
experimentou o silêncio divino: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás?
Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (Hc 1.2)
Tanto Davi quanto Habacuque perseveraram em obter do Senhor a
resposta, e alcançaram por meio da perseverança. É verdade que procuraram fazer
a vontade de Deus, mas alcançaram, por que por meio de uma fé perseverante eles
não desistiram.
Em meio ao aparente silêncio divino aquela mulher não desistiu, por
meio da sua perseverança, de sua fé perseverante, ela suplantou todos os
obstáculos em sua frente para conseguir o favor do Senhor traduzido em milagre.
“Nossa maior fraqueza está
em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez”. (Thomas Edison)
2 - Perseverança mesmo diante
da rejeição das pessoas (Mt 15.23b) – Quando aquela mulher foi até Jesus ela foi
clamando, gritando, e o seu grito era desesperador e ensurdecedor: “Jesus filho
de Davi tem compaixão de mim, minha filha está horrivelmente
endemoninhada”. O mestre a princípio não
respondeu palavra alguma, mesmo que ela estivesse utilizando a expressão:
“filho de Davi”. E este título “filho de Davi” os judeus reservavam somente
para o legítimo Rei de Israel. Veja bem, uma Cananéia não aceitaria facilmente
chamar alguém assim. Até pelo fato de ser mulher e gentia, ela não deveria nem
chegar perto de um judeu. Porém esta mulher era diferente, ela resolveu romper
a barreira cultural e religiosa, se prostrar aos pés de Jesus e lhe suplicar
dizendo: “Jesus filho de Davi, tem compaixão de mim”. Sua oração foi muito
simples, porém ela demonstrava ter uma grande fé! Fé esta que não foi compreendida
e digerida pelos discípulos que pediram a Jesus que mandasse ela embora porque
eles já não agüentavam mais os seus berros. Eles a rejeitaram por completo,
pois para eles existiam coisas mais importantes do que aquela mulher gentia.
Irmãos, uma pessoa que
possui persistência, tenacidade, constância, firmeza, precisa entender que em
meio ao caminho proposto da perseverança, sempre existirá as pedras da
rejeição, da incompreensão.
Os discípulos jamais poderiam entender como uma pessoa sendo do sexo feminino,
gentia, fora da linhagem de Israel poderia gritar: Jesus filho de Davi. Quem
sabe eles poderiam pensar: Como ela sabe que Jesus é o legítimo Rei de Israel?
Ela não está debaixo das alianças da promessa? Onde é que ela aprendeu isso?
O que eles não sabiam é que esta mulher possivelmente somente no ouvir
falar de Jesus, foi até a sua casa, e ao que parece ela estava determinada em
perseverar até ao fim para que sua filha fosse curada. Sua fé através da
tribulação que ela passava a levou a perseverança. E a bíblia diz em (Rm 5.3)
que a tribulação produz perseverança. Mas, essa perseverança ela só é plena
quando o objeto da nossa fé é justamente o autor da nossa fé, Cristo Jesus, o
herdeiro de todas as coisas.
Quem sabe você hoje está abatido, pra baixo, se sentindo enfraquecido,
desanimado, porque as pessoas ao seu redor não lhe compreendem, rejeitam a sua
fé perseverante, rejeitam sua luta, sua busca incessante por Deus em primeiro
lugar e por suas promessas. Para que você as alcance pela fé. Porque foi assim
que os heróis da fé obtiveram as promessas de Deus.
A Bíblia diz que aqueles que
são da fé não retrocedem, a bíblia diz que nós andamos pelo que cremos e não
pelo que vemos. Não se
importe se os outros não compreendem sua fé. Aliás não tente fazer que eles
entendam. Lembre-se as coisas espirituais se discernem espiritualmente, o homem
natural não consegue discerni-las. Continue firme, olhando para o alto, confiando
no fiel, esperando no Eterno. Não perca tempo se lamentando com quem lhe rejeita,
lhe coloca de lado e lhe diz palavras de desânimo e desconfiança. Prossiga,
continue, persista, persevere.
Se aquela mulher gentia se desanimasse com a palavra e a atitude dos
discípulos, ela não alcançaria do Senhor o seu milagre. Ela iria parar no meio
do caminho e continuar a contemplar sua filha sendo envergonhada pelo diabo.
Uma fé perseverante compreende, mas age em meio ao silêncio do próprio
Deus, uma fé perseverante rompe as barreiras do impossível, uma fé perseverante
suporta habilmente as rejeições. Uma fé perseverante persiste em meio aos
obstáculos e entraves do caminho para se alcançar a benção, o milagre, a
promessa. Eu ainda quero falar mais sobre uma fé perseverante.
Quero falar sobre a perseverança em meio as provas da vida, e também sobre a
perseverança em meio a humilhação no próximo post.
Para terminar com uma
história: Em uma
Faculdade de medicina, certo professor cristão propôs à classe a seguinte
situação: Baseados nas circunstâncias que vou enumerar, que conselho dariam
vocês a esta senhora, grávida do quinto filho? O marido sofre de sífilis e ela
de tuberculose. Seu primeiro filho nasceu cego. O segundo morreu. O terceiro
nasceu surdo. O quarto é tuberculoso e ela está pensando seriamente em abortar
a Quinta gravidez. Que caminho vocês a aconselhariam tomar? Com base nestes
fatos, a maioria dos alunos, não cristãos, concordou em que o aborto seria a
melhor alternativa. O professor, então,
disse aos alunos: - Os que disseram
"sim" à idéia do aborto - acabaram de matar o grande compositor Ludwig
Van Beethoven, um dos maiores gênios da música de todos os tempos.
Bendito seja o Evangelho!
Pr. Flavio Muniz