sábado, 26 de novembro de 2011

Aspectos do meu relacionamento com Deus


Baseado no relacionamento entre Elcana e Ana (1Sm 1. 1-18)

Interagir, ser correspondido, honrar o compromisso, ter cumplicidade, andar em acordo. Todas essas palavras expressam as qualidades de um relacionamento entre marido e mulher, entre pais e filhos, e porque não dizer entre nós e o nosso Deus. Muitos nos dias de hoje, quem sabe devido ao ranço religioso e filosófico, acham que Deus é um ser impessoal, distante, frio, tirano, não atencioso, incapaz de ser amigo. Quando na realidade a Bíblia mostra o contrário. A Bíblia está repleta de textos que descrevem Deus como um ser desejoso de se relacionar em amor com seus filhos:


“A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. (Sl 25.14)”

“Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí”. (Jr 31.3)

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. (Jo 15.13)

“Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor”. (Jo 15.9)

E a Bíblia ainda descreve vários personagens que desfrutaram de um relacionamento com Deus: Enoque obteve o testemunho de ter agradado a Deus, Noé andava com Deus, Davi era um homem segundo o coração de Deus, João era conhecido como o apóstolo do amor etc.

Concluímos que a Bíblia é clara quanto a descrever o desejo de Deus em se relacionar em amor com seus filhos, como também é clara em descrever personagens que foram objetos do amor de Deus e que viveram um relacionamento com Deus intensamente. Então, a grande questão não é Deus querer se relacionar conosco, ou o homem querer ou recusar se relacionar com Deus, a grande questão é como nós nos relacionamos com Deus?

Você tem se relacionado com Deus? Como anda seu relacionamento com Deus? Como você tem se relacionado com Deus?

Deus sempre será uma pessoa que deseja se relacionar em amor, mas que também exige posturas das pessoas com que se relaciona. Apesar dele mesmo não se deixar ser exigido porque é Deus, sua postura pessoal é fora de qualquer comentário, já que Deus é amor, é longânimo, é benigno, é misericordioso e bom. Não é necessário exigirmos de Deus “amor” porque ele é amor... E etc.

Elcana era levita, descendente de Coate. Ele possuía duas mulheres: uma se chamava Penina (pérola, fértil) e a outra Ana (Graça, graciosa). Embora a poligamia fosse tolerada pela lei de Moisés (Dt 2:15-17), isso não a fazia correta e boa. A monogamia sempre foi o princípio ideal que Deus estabeleceu para a formação da família. Fato é que existia entre essas duas mulheres uma grande diferença, uma dava filhos a Elcana (Penina), e a outra não lhe dava (Ana). A bíblia diz que todas as vezes que Elcana ia cultuar ao Senhor em Siló, Penina irritava excessivamente a Ana, zombando dela por ela não lhe dar filhos. Lógico que todo esse escárnio fazia com que Ana não comesse, ficasse triste, e a cada dia ela ia se tornando mais e mais uma pessoa amargurada.

Elcana sempre vinha consolá-la nesses momentos e sempre deixou claro que amava mais a Ana do que a Penina, mesmo sendo ela estéril. Ana era uma mulher de Deus, uma mulher que confiava e cria no seu Deus, tanto é, que mesmo triste e abatida por não dar filhos ao seu marido ela não deixava de clamar e chorar perante o Senhor lhe pedindo um filho (1Sm 1.10-1).

O amor de Elcana por Ana nos ensina alguns aspectos de como deve ser o nosso relacionamento com Deus:

1 – A presença de Deus precisa ser priorizada

Tanto Elcana quanto Ana eram pessoas que priorizavam a presença de Deus em todos os momentos. Elcana era um homem fiel que temia e reverenciava o Senhor, haja vista os sacrifícios que cotidianamente oferecia a Deus como ato de fé, culto e gratidão (Vs 3). Ana vivia na casa do Senhor, servia ao Senhor, era uma mulher de oração fervorosa e intensa que derramava sua alma perante o Senhor. Ana era verdadeiramente separada por Deus, tanto é que foi o próprio Deus que cerrou sua madre para a preparar para o nascimento de um dos maiores profetas de Israel (Vs 5). Este casal priorizava a presença de Deus.

Quem se relaciona em amor sempre prioriza a presença do outro. Como nós que nos relacionamos com Deus não vamos priorizar. Deus nunca deixará de estar conosco, mas nós temos a tendência de nem sempre estarmos com Deus. Deixamos Deus de lado quando pecamos, quando deixamos a Palavra e a oração de lado, quando deixamos o nosso irmão de lado, quando não expressamos o seu amor em nossas palavras e atitudes e etc.

“Então, lhe disse Moisés: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar”. (Ex 33.15)

Se você quer se relacionar corretamente com Deus, priorize sempre a presença Dele, pois ela nos sustenta, nos guia,  nos fortalece, nos traz esperança e confiança.

2 – O amor precisa ser demonstrado na prática

Elcana não somente dizia que amava a Ana, Ele demonstrava que amava. Ao sair de sua cidade para ir a Siló ele levava animais para que servissem de sacrifício ao Senhor e para o sustento de sua família. E para Ana, a bíblia diz que ele dava porção dupla, demonstrando seu amor incondicional. E este amor incondicional podia ser comprovado pela forma que Ele se importava com o sofrimento de Ana (Vs 8). A demonstração de amor num casamento é fator essencial para um casamento forte e vitorioso. Portanto num casamento não pode faltar: Elogio, atenção, aceitação, afeição, reciprocidade, carinho, amizade constante.

Da mesma forma deve ser o nosso relacionamento com Deus. Quem ama a Deus demonstra que ama, não se esconde, não fica inativo, não fica ocioso. Simplesmente dizer que amamos a Deus, é muito pouco para um ser que derrama amor e graça constantemente. É muito pouco para um Pai que guarda a sua misericórdia para sempre e não nos trata segundo os nossos delitos e pecados. È muito pouco para um Deus que se despiu de sua glória e veio se relacionar conosco encarnado cheio de graça e de verdade. Nossa resposta ao amor e a graça de Deus dispensada a nós deve ser com atitudes impulsionadas e dirigidas pelo Espírito de Deus em conformidade com a Palavra desse Deus.

Existem várias formas de demonstrarmos nosso amor por Deus. De acordo com Jesus isto deve começar pelo primeiro e grande mandamento: Amarás ao Senhor teu Deus....de todo o teu coração, alma, entendimento e força. Amarás o próximo como a ti mesmo.

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”. (Jo 14.21)

3 – Os planos precisam ser traçados em acordo e unidade

O maior sonho de Ana era ter filhos e o maior desejo de Elcana era que Deus lhe abrisse a madre para conceber. Eles tinham sonhos juntos, buscavam o mesmo objetivo juntos, nunca separados. A bíblia diz: “andarão dois juntos se não tiver entre eles acordo?”. Ana orava ao Senhor por um filho (Vs 10-11) e Elcana era parte essencial para que isto acontecesse (Vs 19). Elcana e Ana viviam em acordo e em unidade. Eles são exemplos de quando há acordo e unidade dentro de um casamento, os planos e propósitos de Deus são estabelecidos de modo natural. Podemos e devemos traçar objetivos, sonhos e projetos. Mas jamais podemos nos esquecer de fazer isso em acordo e unidade com Deus.  

Porque para todo propósito há tempo e modo...” (Ec 8.6a) – Em nosso relacionamento com Deus precisamos aprender a tomar nossas decisões no tempo certo e do modo pelo qual Deus deseja para que nossos propósitos não sejam frustrados. “Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti”. (Is 26.3) – Isso é fruto de uma parceria!

“Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. (1Jo 2.17) – Em tudo o que fazemos precisamos almejar a vontade de Deus, ter disposição para decidir pela vontade de Deus. Tudo neste mundo é passageiro, mas as promessas de Deus não são. Que possamos primar por um compromisso que valorize a vontade de Deus em todos os seus aspectos, pois suas promessas são eternas e não temporais.

4 – Exaltar a fidelidade de Deus pelas bênçãos recebidas

Ana finalmente concebe Samuel (Vs 19-20). Ela tinha total consciência de que Samuel era fruto da fidelidade do Senhor, tanto que o levou ao sacerdote Eli para que ele fosse consagrado a Deus. Para Ana o que era do Senhor deveria ser devolvido ao Senhor (Vs 26-28). Mesmo estando muito feliz por ter seu filho em seus braços, ela abriu mão do direito de ser a primeira no coração do seu filho, para que o Senhor fosse o primeiro. Isso significa exaltar a fidelidade de Deus pela benção recebida. Ana era muito grata a Deus por tudo que tinha recebido e por isso ainda fez um cântico que demonstrava a fidelidade de Deus (1Sm 2.1-2).

Muitas vezes em nosso relacionamento com Deus, nos pegamos meio que sem querer duvidando da fidelidade de Deus. Muitas vezes estamos insatisfeitos com suas bênçãos, mas Ele permanece fiel. Às vezes nos assustamos com as notícias ruins, mas Deus continua sendo fiel. Às vezes desanimamos com as pessoas que nos decepcionam, mas Deus continua sendo fiel. Às vezes reclamamos das provações, mas Deus continua sendo fiel. Ás vezes cedemos as tentações, mas Deus continua sendo fiel. Ás vezes nossas palavras soam como ingratidão por tudo o que ele fez e tem feito em nossas vidas, mas Ele permanece fiel.  Ana exaltou a fidelidade de Deus com gratidão e louvor, que possamos fazer o mesmo para desfrutarmos de um relacionamento ainda mais sadio com Deus.

Priorizar a presença de Deus, demonstrar amor na prática, planejar junto com Deus, e exaltar sua fidelidade por suas bênçãos, fazem parte de um viver diário com Deus que nos leva a desfrutá-lo de modo sadio e comprometido.

Que através do exemplo de amor entre Elcana e Ana possamos ser motivados a viver um relacionamento sadio, compromissado e que agrada a Deus.

Pr. Flavio Muniz

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Palavra de Nova Vida - Pr. Flavio Muniz

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