“Porque os meus pensamentos não
são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o
SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais
altos do que os vossos pensamentos”. (Isaías 55:8-9)
O contexto de Isaías 55 é Deus
demonstrando o desejo da restauração do seu povo cativo na babilônia por terem
o abandonado, e por isso ele chama o seu povo ao arrependimento sincero, de
maneira que mudem sua forma de agir (caminho) e sua forma de pensar
(pensamento). “Deixe o perverso o seu caminho,
o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá
dele, volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7). E
nos (vs. 8-9) Ele se dirige aos duvidosos para demonstrá-los de que está
prestes a agir para trazê-los de volta, não somente de volta da sua terra
natal, mas para trazê-los de volta para Ele, pois eles deixaram a aliança com o
Senhor, e por isso traçaram seus próprios planos e caminhos. Por isso nos (vs
8-9) Deus trás a memória deles que os seus planos transcendem os dos homens,
que seu modo de pensar e de agir é infinitamente diferente. (Deus é um ser
totalmente outro).
Uma das dificuldades da vida
cristã é o conflito entre saber que uma aliança com Deus subentende entregar
nossos planos e nossa vida a Ele, e o efetivo entregar. A tendência de
cada um de nós é procurar estabelecer nossos próprios planos e simplesmente ir
seguindo á vida respondendo á nossa própria vontade. Quanto aos planos de Deus,
pensamos muitas vezes que nem sempre conseguimos conhece-los. Até mesmo nos
revoltamos ou reclamamos de certos desdobramentos ou acontecimentos. Às vezes
dizemos que entregamos tudo nas mãos de Deus, mas não o fazemos. Ou entregamos,
mas não confiamos, o que é o mesmo que não entregar. Pior ainda, muitas vezes
tentamos impor a Deus o que ele deve fazer e como deve fazer.
Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. (Sl
37.5)
Na vida e na caminhada cristã em
muitos momentos seremos surpreendidos de diversos modos com a maneira de Deus
agir. Fazemos a leitura da realidade, da situação, ponderamos as variáveis,
projetamos caminhos e alternativas para solução de nossos dilemas entendendo
que é desta maneira que as coisas precisam acontecer, deste jeito é melhor etc.
Deus, porém, não segue nossa lógica, não caminha nos trilhos que estabelecemos,
não obedece as nossas fórmulas e não se dirige pelos nossos critérios. O ser
humano tem em si a sede do poder, de ter o controle da vida nas mãos, de
entender tudo a sua volta e controlar as variáveis determinando o chão que
pisa.
Quem sabe para os Israelitas o
cativeiro era um castigo desonesto, uma injustiça da parte de Deus. Ele poderia
fazer outra coisa do que nos mandar para cá. Ele poderia esperar mais um pouco
que nós iríamos nos arrepender em nossa própria terra. No entanto, Deus sabia perfeitamente o que estava fazendo e como estava
fazendo, esse era o conselho de sua própria vontade.
Sabe irmãos, quando o assunto
é Deus e sua vontade seremos sempre surpreendidos. E a Bíblia nestes versos nos
mostra porque isto acontece por pelo menos duas razões:
1-Seus caminhos são mais altos: A sua maneira de agir não pode ser
pré-determinada, nem pode ser definida, por isso eu lhe digo da parte de Deus,
que certamente haverá surpresas.
Deus colocou os israelitas no
melhor lugar que eles poderiam estar depois de tanta desobediência e falta de
consideração com os avisos proféticos. Deus os colocou no lugar de cura, de
tratamento da alma e do espírito, em um refúgio de transformação, ainda que
todo esse processo tenha sido doloroso. Ainda que, babilônia fosse o centro da
idolatria, da corrupção e da devassidão, ainda que Deus tenha feito de
Nabucodonosor seu servo para cumprir seus propósitos.
“Ele faz seu caminho no deserto...” Ele projeta
caminhos onde não haveria a mínima possibilidade lógica para eles existirem; (Is 43:19)
“...o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade” (Na 1.3)
Acredite os caminhos de Deus são
melhores que os nossos, e se ele nos levar para o deserto, para o cativeiro,
seja para aonde for, Ele sabe muito bem o que está fazendo. Lembre-se o povo de
Israel voltou de lá obediente, disciplinado, entendendo que de fato Javé era o
Deus deles, o Senhor da aliança, o Deus que sustenta seu povo, que pastoreia
seu povo e não os deixa.
2 - Seus pensamentos são mais altos: Seus desígnios, seu jeito de
pensar, de projetar a vida, seus planos e propósitos estão além de nossa
concepção e compreensão. Deus vê a eternidade, a história como um todo de uma
perspectiva muito diferente da nossa;
Quem sabe para muitos dos
exilados, Deus tinha se esquecido deles, quando na realidade eles que se
esqueceram de Deus, de sua aliança e de seus preceitos. Deus sabia o que estava
produzindo no coração deles nesses setenta anos de cativeiro. O povo regressou
a sua terra, mas regressou a fé, a adoração e ao culto. O povo refez a aliança
com o seu Deus e passou a confiar ainda mais com a entrega total de seus
corações ao Eterno.
“Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa-as e de novo as
congrega” (Jó 12.23)
Diante desses fatos, o que poderíamos fazer, Senão nos rendermos ,
entregarmos tudo e confiarmos em Sua Soberania e no fato de que Deus sempre
sabe o que faz! Ele vê mais longe. Como
certa vez disse Einstein: “Deus não joga dados” – Ele não conta com a sorte, Ele
tem o controle do futuro em suas mãos.
Portanto, abandone o desejo e a
pretensão de entender tudo e dizer a Deus como ele tem que agir. Apenas confie,
descanse, fique em silêncio. Um dia tudo ficará claro quando Ele colocar cada
peça em seu lugar, no seu tempo e do seu modo.
“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as
reveladas nos pertencem...” (Dt 29.29)
Bendito seja o Evangelho,
Pr. Flavio Muniz