Por ocasião do 10º Congresso de Teologia
Vida Nova, nos dias 15 a 18 de março de 2016, em Águas de Lindoia, São Paulo,
pastores, teólogos e líderes evangélicos de todo o Brasil se reuniram para
refletir e discutir o papel e a contribuição da teologia evangélica para a
sociedade e a cultura como um todo. Diante dos acontecimentos que têm agitado o
país nos últimos meses, produzimos a seguinte declaração, conclamando os
cristãos à confissão de pecados, ao repúdio da injustiça e à participação ativa
neste momento crítico em nossa história nacional.
Afirmamos que o Deus todo-poderoso, o único Soberano, Pai,
Filho e Espírito Santo, que reina sobre todas as coisas e governa tanto a
criação quanto as nações, levanta e destitui os poderosos, fazendo com que
tudo, invariavelmente, atenda à sua vontade.
Afirmamos a importância e a necessidade do envolvimento de
cada cristão na sociedade, contribuindo para que a paz e a justiça do reino de
Deus se estabeleçam em todas as áreas da vida pública.
Afirmamos que a Igreja
cristã, quando permanece fiel à sua missão — que consiste na pregação das
Escrituras, na administração correta do Batismo e da Ceia — capacita cristãos a
servirem a viúva, o órfão, o estrangeiro, o pobre e o que sofre violência (Jr
22.3; Zc 7.10).
Como pastores e líderes, confessamos que
não temos nos quebrantado diante da Palavra de Deus nem pregado as Escrituras
como deveríamos. Confessamos também que não temos refletido o
caráter de Cristo Jesus na esfera pública, deixando de tomar posições bíblicas
claras e esquecendo o papel profético do púlpito.
Como povo de Deus, confessamos que
não temos exercido com toda a dedicação nossa vocação de ser sal e luz da terra
(Mt 5.13-16) e que temos nos amoldado a uma mentalidade mundana. Confessamos nossa
falta de amor pela Palavra e nossa negligência na oração em favor de nossos
pastores, de nossas autoridades e da nação. Confessamos nosso desinteresse em influenciar
positivamente os governantes e governados à luz da mensagem evangélica.
Como cidadãos brasileiros, confessamos nossa
adesão a ideologias estranhas à fé cristã, a indiferença diante da corrupção, a
relativização da ética e do decoro, a busca pela realização de interesses
próprios que têm gerado o desprezo pelas justas leis e pelos retos princípios
da Constituição Federal.
Repudiamos, sob o temor do Senhor, toda forma de idolatria
ao Estado, iniquidade, conivência, omissão e dissimulação da impiedade.
Repudiamos toda
tentativa de silenciar e marginalizar a voz da Igreja cristã e da mensagem
evangélica na esfera pública.
Repudiamos o silêncio eloquente daqueles que, em nome de uma
agenda ideológica iníqua, se eximem de fazer crítica profética a partir das
Escrituras e, com isso, contribuem para a corrosão do estado democrático de
direito.
Repudiamos sobretudo a
corrupção que desvia os recursos públicos e aumenta a pobreza e a desigualdade
social.
Repudiamos toda forma de
relativização da Constituição Federal com o objetivo de atender a fins
ideológicos espúrios, contrários ao bem da população como um todo.
Repudiamos a
desarmonização das esferas executiva, legislativa e judiciária e a usurpação de
sua autonomia.
Convocamos a assembleia
dos santos a exercer sua cidadania terrena à luz de sua cidadania celestial,
com engajamento e valorização da paz, da ordem e da justiça. A todos os que
protestam pelas ruas do país, convocamos que o façam dentro dos parâmetros do
respeito e da moderação, como pacificadores (Mt 5.9), entendendo que este é um
momento oportuno de expressão do compromisso com a fé cristã.
Por fim, convocamos a
Igreja a que busque o Senhor em quebrantamento, orando pela nação e suplicando,
especialmente, por um avivamento que procede do Espírito Santo.
Em tudo isso, não esqueçamos a mensagem
de nosso Senhor Jesus Cristo:
“Não temas, eu sou o primeiro e o
último.” (Ap 1.17)
“No mundo tereis tribulações; mas não vos
desanimeis! Eu venci o mundo.” (Jo 16.33)
Águas de Lindoia, 17 de março de 2016