sábado, 24 de outubro de 2015

Epafras, obreiro fiel e líder exemplar

“Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus. E dele dou testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis”. (Cl 4.12-13)


Filhos de uma nobre família de cristãos, os gêmeos árabes Cosme e Damião nasceram por volta do ano 260 d.C. Desde muito jovens manifestaram um enorme talento para a medicina, profissão a qual se dedicaram após estudarem e diplomarem-se na Síria.

Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas, e decidiram dedicar suas vidas ao serviço do reino de Deus em amor. Por isso, não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, o que lhes rendeu o apelido de "anárgiros", ou seja, “aqueles que são inimigos do dinheiro" ou "que não são comprados por dinheiro". A riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu ministério para o bem de todos. Inspirados no amor de Cristo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos para atenuar a dor dos enfermos e inválidos. Ao invocarem o nome de Jesus, muitos eram curados, alguns à beira da morte. Até animais eram sarados por eles.

Seu testemunho de amor produziu inúmeras conversões ao evangelho da graça, chamando a atenção das autoridades. Durante a perseguição promovida pelo Imperador romano Diocleciano, por volta do ano 300, Cosme e Damião foram presos, levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, eles responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, pela força do Seu poder".

Diocleciano odiava os cristãos porque eles eram fiéis a Jesus Cristo e se recusavam a adorar ídolos e esculturas consideradas sagradas pelo Império Romano. Eles conheceram os princípios da fé cristã desde sua infância, e por isso recusaram-se a adorar os deuses pagãos, apesar da imposição e das ameaças do império. Diante do governador Lísias, ousaram declarar que aqueles falsos deuses não tinham poder algum sobre eles, e que só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra. Mantiveram a Palavra do testemunho de Cristo, impressionando a todos por seu Amor, fidelidade e entrega a Jesus.

Por não renunciarem aos princípios de Deus, sofreram terríveis torturas. Mas mesmo torturados, jamais negaram a fé. Em 303, o Imperador decretou que fossem condenados à morte na Egéia. Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com flechas, mas eles resistiram às pedradas e flechadas. Os militares foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos. E assim, Cosme e Damião foram martirizados.

Ironicamente, cem anos depois de morrerem por não se render à idolatria, seus restos mortais começaram a ser alvo de veneração, bem como as imagens esculpidas em sua homenagem. Dois séculos após sua morte, por volta do ano 530, o Imperador Justiniano ficou gravemente doente e deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra de Cosme e Damião. A fama dos gêmeos também correu no Ocidente, a partir de Roma, por causa da basílica dedicada a eles, construída a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da basílica ocorreu num dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser festejados pela igreja católica nesta data. Como rito extraordinário, a igreja passou para 27 de setembro, assim como as religiões Afro-Brasileiras.

A identificação de Cosme e Damião com Epafras no que tange a conduta, a vida, a obra e ministério são perfeitas. Eles se identificam no serviço cristão, ambos eram servos fiéis. Eles se identificam no amor a Deus e ao próximo, ambos dedicavam suas vidas em amor ao próximo em serviço do Reino. Eles se identificavam na fé, já que ambos produziam testemunho inigualável da fé que professavam. Eles se identificavam no sofrimento, já que ambos passaram pela experiência amarga da prisão. Apenas no martírio e na veneração eles não possuíam identificação alguma, já que não sabemos como morreu Epafras, e até aonde sabemos ele jamais foi idolatrado.

Nós conhecemos pouco sobre Epafras (Encantador). Ele é mencionado apenas três vezes nas Escrituras, todavia, os colossenses em particular estavam profundamente em débito para com ele. Ele foi o primeiro missionário e pastor deles (Cl 1.7). De Epafras, Paulo tomou conhecimento tanto do amor espiritual como da condição perigosa da igreja em Colosso, já que heresias destruidoras estavam ameaçando a fé daquela fiel igreja, fato que o moveu a escrever sua epístola aos Colossenses. Enquanto em Roma visitando Paulo, Epafras aparentemente caiu vítima da hostilidade de Roma contra o apóstolo e foi lançado na prisão com ele. Epafras foi um dos companheiros mais significativos do apostolo Paulo, as referências a sua pessoa nas Sagradas Escrituras ocorre três vezes – (Cl 1.7; 4.12;Fm v.23), foi ele sem dúvida um líder fiel e exemplar que muito colaborou com o ministério de Paulo.

À medida que concluía sua epístola, Paulo não pôde se conter de fazer referência à conduta e ao testemunho desse fiel ministro de Cristo. E sua experiência de vida dedicada a Cristo, tem muito a nos ensinar, principalmente num dia em que se comemora a vida de dois irmãos que também foram leais e dedicados a Cristo.

1. Ele era um verdadeiro servo de Jesus Cristo – “...Epafras, nosso amado conservo..” (Cl 1.7b). No grego temos “sundoulos”, “escravo-companheiro” ele tinha a Cristo a completa dedicação de um escravo, submetia inteiramente sua vontade a daquele na qual se diz que é boa, perfeita e agradável. Como servo também não trabalhava para adquirir vantagem pessoal. E como seu Senhor, preferia trocar a alegria que lhe estava proposta por sofrimentos que dessem glória ao Reino do seu mestre. Preferia o martírio das incompreensões, dos julgamentos e dos desprezos, aos afagos da infidelidade. Não existe qualidade mais importante na vida de um cristão (líder) do que ser um servo autêntico.
Optava em pagar um alto preço de renúncia pessoal ostentando a cruz de Cristo como bandeira, a entregar-se ao mundo e suas ilusões passageiras. Deus chama servos para sua obra, foi assim com: Davi, Moisés, Paulo, Timóteo etc. Um cristão autêntico, uma liderança autêntica, eficaz e exemplar possui um selo, uma marca: ser servo de Jesus Cristo. Uma Igreja que agrada e glorifica a Deus tem um lema, ser uma comunidade de servos de Jesus Cristo.

2. Ele era um verdadeiro mestre cristão - “Segundo foste instruídos por Epafras...” (Cl 1.7a). Este último verbo “instruídos” vem do grego “matheteuo”, “tornar-se discípulo”, ou “fazer um discípulo”, “ensinar”. Os crentes de Colossos não somente ouviram de Cristo por meio de Epafras, mas eram discípulos de Epafras, pois foi sob sua instrução que se tornaram discípulos de Cristo. Isto nos mostra como este homem era um mestre sincero e dedicado. Você já se deu conta como é importante o ensino em sua igreja. Você já se deu conta do quanto é importante ser discipulador e discípulo. O quanto é importante ter líderes que nos ensinem e caminhem com Cristo junto conosco. Sã doutrina e experiência cristã podem nos ser ensinado de maneira a absorvermos excelentes práticas que nos levem a uma espiritualidade verdadeira e a um discipulado sólido e edificante. Deus tem levantado mestres na sua casa para ensinar o seu povo – Rm 12.7. Ensinar refere-se tanto a teoria como a prática. No grego temos a palavra “didaskalos”, é ensinar fazendo, ensinar a entender, treinar outros, enfim, educar no sentido estrito da palavra. É tornar clara a verdade através de processos lógicos.

Obs; Quantos bêbes na fé tomando leite, quantos inconstantes na fé, quantos sem raízes, quantos infrutíferos, sem raízes profundas, sem firmeza na fé. 

3. Ele era um Fiel ministro de Cristo – “... Fiel ministro de Cristo” (Cl 1.7c) – Para “ministro” temos no grego a palavra “diakonos”, de onde nos vem o termo moderno diácono, alguém que serve, que ministra a outrem. Ele era um ministro Fiel e amado. Amado por Paulo, pelos crentes daquela comunidade, amado no Senhor. Era ministro de Cristo, porquanto tinha desempenhado fielmente o seu papel, pois seu serviço prestado aquela igreja visava à causa do Senhor. Ele respeitava a mensagem apostólica e não tentava a substituir por alguma nova e estranha doutrina. Era fiel em palavras e obras. Era fiel aos princípios que aprendeu com seu discipulador (Paulo). Aleluia!

4. Ele era um líder esforçado – “...O qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações...” (Cl 4.12). Foi Epafras informante do apóstolo Paulo acerca das dificuldades que havia em Colossos, por isso não media esforços na ajuda ao apostolo, temos no grego o advérbio “pantote”, sempre, o que explica a tradução “continuamente”; e temos “agonidzomai”, “agonizar”, “lutar”, “esforçar-se”. Trata-se de uma palavra tirada do vocabulário atlético, uma competição atlética, uma luta. Essa palavra indica uma luta intensa, o que explica a tradução “se esforça sobremaneira”. Paulo testemunhou que a cela da prisão de Epafras era perfumada com o incenso suave da oração. Segundo o (v.12) ele orava continuamente, intensamente e propositalmente, já que seu propósito era que as três igrejas fossem maduras espiritualmente, sendo firmes, conhecendo e vivendo perfeitamente dentro da vontade de Deus.

5. Ele era um líder de grande testemunho -  “E dele dou testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis” (Cl 4.13).  

Existe importância do testemunho cristão - O que estão falando de nós quando pregamos ou ensinamos? Estamos testemunhando de Cristo em nossa conduta e proceder diante de Deus e dos homens?  Epafras era dedicado pastor, por isso se preocupava sempre com os irmãos, com sua comunidade (interesses, vida, saúde e frutos). Paulo foi testemunha de que ele era zeloso pastor, pois estava sempre pensando, orando, querendo saber notícias de sua igreja, com saudades de sua amada igreja. Você sabia que além dos homens, Deus também dá testemunho de nós? Deus foi testemunha de Jó: “Perguntou ainda o Senhor a satanás: observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. (Jó 1.8). Foi testemunha do diácono Estevão quando morreu apedrejado e viu os céus abertos com Jesus a destra do Pai. Etc. Você como cristão/líder será que passa no teste do testemunho cristão?

6. Ele era um fiel companheiro no ministério de Paulo - A última referência a este grande líder espiritual é realmente encantadora e extraordinária: “Saúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em Cristo Jesus”. (Fm v.23); Foi ele sem dúvida um companheiro fiel do apóstolo dos gentios. Neste texto ele figura como companheiro de prisão, talvez preferindo ficar voluntariamente detido em companhia de Paulo, a fim de ajudá-lo em seu período de provas. Umas das grandes virtudes do apostolo Paulo, foi que o mesmo nunca escolheu andar sozinho, ele tinha muitos companheiros, isso é muito importante, embora tenha se decepcionado com alguns, como Demas (2 Tm 4.10), mas ele tinha companheiros fiéis como Epafras.

É muito perigoso quando um cristão ou um líder resolve andar sozinho. Moisés Tinha um conselheiro chamado Jetro (Êx 18.13-27). Davi Tinha um mentor, chamado Natã, era um profeta que o confrontava – (2 Sm 12.1-15). Josué tinha Moisés. Jesus, sendo o Senhor, estava sempre próximo de Pedro, Tiago e João. Quando um líder resolve andar sozinho, é sinal de que algo não vai bem. Quando um líder tem companheiros, aí ele presta contas daquilo que faz. Também compartilha suas dores, alegrias e tristezas. Delega o serviço, podendo ser mais útil em sua especialidade e habilidade. Equilibra o fardo, pois divide o peso que possa estar carregando sozinho.

Epafras, obreiro fiel e líder exemplar. Sigamos seu exemplo:

·         Sejamos verdadeiros servos de Jesus Cristo
·         Vamos nos empenhar para sermos mestres (discipuladores)
·         Sejamos Fiéis a Cristo
·         Vamos nos esforçar , assim como ele era um líder esforçado
·         Seja o nosso testemunho verdadeiro, de acordo com a fé que professamos
·         Sejamos fiéis companheiros e façamos fiéis companheiros no ministério

Cosme e Damião, eram servos, fiéis, testemunhavam, ensinavam, se esforçavam e eram companheiros na fé.

Bendito seja o Evangelho,


Pr. Flavio Muniz

Conteúdo de qualidade

Palavra de Nova Vida - Pr. Flavio Muniz

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