“Saúda-vos
Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça
sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis
perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus. E dele dou
testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de
Hierápolis”. (Cl 4.12-13)
Filhos de uma nobre família de cristãos, os gêmeos
árabes Cosme e Damião nasceram por volta do ano 260 d.C. Desde muito jovens
manifestaram um enorme talento para a medicina, profissão a qual se dedicaram
após estudarem e diplomarem-se na Síria.
Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas,
e decidiram dedicar suas vidas ao serviço do reino de Deus em amor. Por isso,
não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, o que lhes rendeu o
apelido de "anárgiros", ou seja, “aqueles que são inimigos do
dinheiro" ou "que não são comprados por dinheiro". A riqueza que
almejavam era fazer de sua arte médica também o seu ministério para o bem de
todos. Inspirados no amor de Cristo, usavam a fé aliada aos conhecimentos
científicos para atenuar a dor dos enfermos e inválidos. Ao invocarem o nome de
Jesus, muitos eram curados, alguns à beira da morte. Até animais eram sarados
por eles.
Seu testemunho de amor produziu inúmeras
conversões ao evangelho da graça, chamando a atenção das autoridades.
Durante a perseguição promovida pelo Imperador romano Diocleciano, por volta do
ano 300, Cosme e Damião foram presos, levados a tribunal e acusados de se
entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar
as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, eles
responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, pela força
do Seu poder".
Diocleciano odiava os cristãos porque eles eram
fiéis a Jesus Cristo e se recusavam a adorar ídolos e esculturas consideradas
sagradas pelo Império Romano. Eles conheceram os princípios da fé cristã desde
sua infância, e por isso recusaram-se a adorar os deuses pagãos, apesar da
imposição e das ameaças do império. Diante do governador Lísias, ousaram
declarar que aqueles falsos deuses não tinham poder algum sobre eles, e que só
adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra. Mantiveram a Palavra do
testemunho de Cristo, impressionando a todos por seu Amor, fidelidade e entrega
a Jesus.
Por não renunciarem aos princípios de Deus,
sofreram terríveis torturas. Mas mesmo torturados, jamais negaram a fé. Em
303, o Imperador decretou que fossem condenados à morte na Egéia. Os dois
irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com
flechas, mas eles resistiram às pedradas e flechadas. Os militares foram
obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos
cidadãos romanos. E assim, Cosme e Damião foram martirizados.
Ironicamente, cem anos depois de morrerem por não
se render à idolatria, seus restos mortais começaram a ser alvo de veneração,
bem como as imagens esculpidas em sua homenagem. Dois séculos após sua morte,
por volta do ano 530, o Imperador Justiniano ficou gravemente doente e deu
ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em
honra de Cosme e Damião. A fama dos gêmeos também correu no Ocidente, a partir
de Roma, por causa da basílica dedicada a eles, construída a pedido do papa
Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da basílica ocorreu num
dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser festejados pela
igreja católica nesta data. Como rito extraordinário, a igreja passou para 27
de setembro, assim como as religiões Afro-Brasileiras.
A
identificação de Cosme e Damião com Epafras no que tange a conduta, a vida,
a obra e ministério são perfeitas. Eles se identificam no serviço cristão,
ambos eram servos fiéis. Eles se identificam no amor a Deus e ao próximo, ambos
dedicavam suas vidas em amor ao próximo em serviço do Reino. Eles se
identificavam na fé, já que ambos produziam testemunho inigualável da fé que
professavam. Eles se identificavam no sofrimento, já que ambos passaram pela
experiência amarga da prisão. Apenas no martírio e na veneração eles não
possuíam identificação alguma, já que não sabemos como morreu Epafras, e até
aonde sabemos ele jamais foi idolatrado.
Nós
conhecemos pouco sobre Epafras (Encantador). Ele é mencionado apenas três
vezes nas Escrituras, todavia, os colossenses em particular estavam
profundamente em débito para com ele. Ele foi o primeiro missionário e pastor
deles (Cl 1.7). De Epafras, Paulo tomou conhecimento tanto do amor espiritual
como da condição perigosa da igreja em Colosso, já que heresias destruidoras
estavam ameaçando a fé daquela fiel igreja, fato que o moveu a escrever sua
epístola aos Colossenses. Enquanto em
Roma visitando Paulo, Epafras aparentemente caiu vítima da hostilidade de
Roma contra o apóstolo e foi lançado na prisão com ele. Epafras foi um dos
companheiros mais significativos do apostolo Paulo, as referências a sua pessoa
nas Sagradas Escrituras ocorre três vezes – (Cl 1.7; 4.12;Fm v.23), foi ele sem
dúvida um líder fiel e exemplar que muito colaborou com o ministério de Paulo.
À medida que concluía sua epístola, Paulo não pôde
se conter de fazer referência à conduta e ao testemunho desse fiel ministro de
Cristo. E sua experiência de vida dedicada a Cristo, tem muito a nos ensinar,
principalmente num dia em que se comemora a vida de dois irmãos que também
foram leais e dedicados a Cristo.
1. Ele era
um verdadeiro servo de Jesus Cristo – “...Epafras, nosso amado conservo..” (Cl
1.7b). No grego temos “sundoulos”, “escravo-companheiro” ele tinha a Cristo
a completa dedicação de um escravo, submetia inteiramente sua vontade a daquele
na qual se diz que é boa, perfeita e agradável. Como servo também não trabalhava
para adquirir vantagem pessoal. E como seu Senhor, preferia trocar a alegria
que lhe estava proposta por sofrimentos que dessem glória ao Reino do seu
mestre. Preferia o martírio das incompreensões, dos julgamentos e dos desprezos,
aos afagos da infidelidade. Não existe qualidade mais importante na vida de um cristão
(líder) do que ser um servo autêntico.
Optava em pagar um alto preço de renúncia pessoal
ostentando a cruz de Cristo como bandeira, a entregar-se ao mundo e suas
ilusões passageiras. Deus chama servos para sua obra, foi assim com: Davi,
Moisés, Paulo, Timóteo etc. Um cristão autêntico, uma liderança autêntica,
eficaz e exemplar possui um selo, uma marca: ser servo de Jesus Cristo. Uma
Igreja que agrada e glorifica a Deus tem um lema, ser uma comunidade de servos
de Jesus Cristo.
2. Ele era
um verdadeiro mestre cristão - “Segundo foste instruídos por Epafras...” (Cl
1.7a). Este último verbo “instruídos” vem do grego “matheteuo”, “tornar-se
discípulo”, ou “fazer um discípulo”, “ensinar”. Os crentes de Colossos não
somente ouviram de Cristo por meio de Epafras, mas eram discípulos de Epafras, pois
foi sob sua instrução que se tornaram discípulos de Cristo. Isto nos mostra
como este homem era um mestre sincero e dedicado. Você já se deu conta como é
importante o ensino em sua igreja. Você já se deu conta do quanto é importante
ser discipulador e discípulo. O quanto é importante ter líderes que nos ensinem
e caminhem com Cristo junto conosco. Sã doutrina e experiência cristã podem nos
ser ensinado de maneira a absorvermos excelentes práticas que nos levem a uma
espiritualidade verdadeira e a um discipulado sólido e edificante. Deus tem
levantado mestres na sua casa para ensinar o seu povo – Rm 12.7. Ensinar
refere-se tanto a teoria como a prática. No grego temos a palavra “didaskalos”,
é ensinar fazendo, ensinar a entender, treinar outros, enfim, educar no sentido
estrito da palavra. É tornar clara a verdade através de processos lógicos.
Obs; Quantos bêbes na fé tomando leite, quantos
inconstantes na fé, quantos sem raízes, quantos infrutíferos, sem raízes
profundas, sem firmeza na fé.
3. Ele era
um Fiel ministro de Cristo – “... Fiel
ministro de Cristo” (Cl 1.7c) – Para “ministro” temos no grego a palavra
“diakonos”, de onde nos vem o termo moderno diácono, alguém que serve, que
ministra a outrem. Ele era um ministro Fiel e amado. Amado por Paulo, pelos
crentes daquela comunidade, amado no Senhor. Era ministro de Cristo, porquanto
tinha desempenhado fielmente o seu papel, pois seu serviço prestado aquela
igreja visava à causa do Senhor. Ele respeitava a mensagem apostólica e não tentava
a substituir por alguma nova e estranha doutrina. Era fiel em palavras e obras.
Era fiel aos princípios que aprendeu com seu discipulador (Paulo). Aleluia!
4. Ele era
um líder esforçado – “...O qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós
nas orações...” (Cl 4.12). Foi Epafras informante do apóstolo Paulo acerca
das dificuldades que havia em Colossos, por isso não media esforços na ajuda ao
apostolo, temos no grego o advérbio “pantote”, sempre, o que explica a tradução
“continuamente”; e temos “agonidzomai”, “agonizar”, “lutar”, “esforçar-se”.
Trata-se de uma palavra tirada do vocabulário atlético, uma competição
atlética, uma luta. Essa palavra indica uma luta intensa, o que explica a
tradução “se esforça sobremaneira”. Paulo testemunhou que a cela da prisão de
Epafras era perfumada com o incenso suave da oração. Segundo o (v.12) ele orava
continuamente, intensamente e propositalmente, já que seu propósito era que as
três igrejas fossem maduras espiritualmente, sendo firmes, conhecendo e vivendo
perfeitamente dentro da vontade de Deus.
5. Ele era
um líder de grande testemunho - “E dele dou testemunho de que muito se
preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis” (Cl 4.13).
Existe importância do testemunho cristão - O
que estão falando de nós quando pregamos ou ensinamos? Estamos testemunhando de
Cristo em nossa conduta e proceder diante de Deus e dos homens? Epafras era dedicado pastor, por isso se
preocupava sempre com os irmãos, com sua comunidade (interesses, vida, saúde e
frutos). Paulo foi testemunha de que ele era zeloso pastor, pois estava sempre
pensando, orando, querendo saber notícias de sua igreja, com saudades de sua
amada igreja. Você sabia que além dos homens, Deus também dá testemunho de nós?
Deus foi testemunha de Jó: “Perguntou
ainda o Senhor a satanás: observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra
semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.
(Jó 1.8). Foi testemunha do diácono Estevão quando morreu apedrejado e viu os
céus abertos com Jesus a destra do Pai. Etc. Você como cristão/líder será que
passa no teste do testemunho cristão?
6. Ele era
um fiel companheiro no ministério de Paulo - A última referência a este
grande líder espiritual é realmente encantadora e extraordinária: “Saúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em
Cristo Jesus”. (Fm v.23); Foi ele sem dúvida um companheiro fiel do
apóstolo dos gentios. Neste texto ele figura como companheiro de prisão, talvez
preferindo ficar voluntariamente detido em companhia de Paulo, a fim de
ajudá-lo em seu período de provas. Umas das grandes virtudes do apostolo Paulo,
foi que o mesmo nunca escolheu andar sozinho, ele tinha muitos companheiros,
isso é muito importante, embora tenha se decepcionado com alguns, como Demas (2
Tm 4.10), mas ele tinha companheiros fiéis como Epafras.
É muito perigoso quando um cristão ou um líder
resolve andar sozinho. Moisés Tinha um conselheiro chamado Jetro (Êx 18.13-27).
Davi Tinha um mentor, chamado Natã, era um profeta que o confrontava – (2 Sm
12.1-15). Josué tinha Moisés. Jesus, sendo o Senhor, estava sempre próximo de
Pedro, Tiago e João. Quando um líder resolve andar sozinho, é sinal de que algo
não vai bem. Quando um líder tem companheiros, aí ele presta contas daquilo que
faz. Também compartilha suas dores, alegrias e tristezas. Delega o serviço,
podendo ser mais útil em sua especialidade e habilidade. Equilibra o fardo,
pois divide o peso que possa estar carregando sozinho.
Epafras, obreiro fiel e líder exemplar. Sigamos
seu exemplo:
·
Sejamos verdadeiros servos de Jesus Cristo
·
Vamos nos empenhar para sermos mestres
(discipuladores)
·
Sejamos Fiéis a Cristo
·
Vamos nos esforçar , assim como ele era um líder
esforçado
·
Seja o nosso testemunho verdadeiro, de acordo
com a fé que professamos
·
Sejamos fiéis companheiros e façamos fiéis
companheiros no ministério
Cosme e Damião, eram servos, fiéis, testemunhavam,
ensinavam, se esforçavam e eram companheiros na fé.
Bendito seja o Evangelho,
Pr. Flavio Muniz