(Fp 4.6-7; Mt 6.25-34) - “Não andeis ansiosos
de coisa alguma; em tudo porém, sejam conhecidas diante de Deus, as vossas
petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo
Jesus. (Fp 4.6,7)
A
ansiedade tem sido a marca registrada de nossos dias. Ansiedade é um estado
efetivo em que há sentimento de insegurança. Quem vive com ânsia, é porque vive
uma perturbação ocasionada pela incerteza, que na verdade é uma angústia ou
aflição. Quando Jesus disse em (Mt 6.25) “Não andeis ansiosos pela vossa
vida...”. Ansiosos aqui vêm de um termo grego que significa "distrair".
Então, fica subentendida a idéia de duplicidade. A idéia é que a mente procura
seguir em duas direções ao mesmo tempo, resultando em confusão e sofrimento.
A
ansiedade crônica rouba alguns anos de vida, porque provoca um acentuado
dispêndio de energia. Além de ser inútil, ela entristece, adoece — física e
emocionalmente — e envelhece. O pior de tudo é que a ansiedade rotineira não
prejudica apenas o ansioso, mas também aqueles que convivem com ele em casa, na
igreja e no trabalho, incluindo o cônjuge, os filhos e os amigos.
É para
evitar esse desperdício de saúde emocional e de alegria que Paulo condena a
ansiedade e oferece uma alternativa aos ansiosos. Em última análise, a
ansiedade, seja ela esporádica ou crônica, é uma violência contra Deus, porque
obriga o ansioso a pôr em dúvida o cuidado que Deus dispensa mais ao ser humano
que às aves do céu e aos lírios dos campos (Mt 6.25-31). Jesus coloca o
discípulo ansioso no mesmo nível dos pagãos, que vivem correndo de um lado para
outro atrás do que comer, beber e vestir (Mt 6.32). O Senhor se sente
injustiçado com o comportamento ansioso de seus seguidores, porque a ansiedade
rouba tempo e energia que deveriam ser gastos na difícil construção de seu
reino (Mt 6.33). Quanto mais tempo se gasta na tentativa de eliminar o vício da
ansiedade, mais difícil é livrar-se dela. O pastor cubano Rafael Cepeda
certa vez escreveu: “A preocupação é,
talvez, o pecado mais universal, o mais esgotante, o mais bobo e o mais
inútil”.
Paulo
aqui nesse texto (Fp 4.6-7) na verdade nos fala de uma enfermidade mental que
nos impede de ter uma vida cristã vitoriosa, porém como um médico ele prescreve
o remédio e nos mostra o resultado do tratamento. Ao mesmo tempo que condena a
ansiedade, Paulo ensina o caminho para livrar-se dela: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fp 4.6-7).
Vejamos a enfermidade: “Não andeis
ansiosos de coisa alguma”
- Paulo aqui não se refere à preocupação normal e sadia que deve existir em
nossa vida e que mostra nossa responsabilidade diante de diferentes situações
da vida, da sociedade, e do ministério. O apóstolo conhecia bem esse tipo de
responsabilidade, Em (2 Co 11:28 – “Além
das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com
todas as igrejas”).
Paulo nos fala aqui daquela preocupação desmedida, imoderada, que tantas vezes
se apodera de nós, quando, diante de diferentes situações, usamos nossas próprias
forças para querer resolvê-las. É justamente essa atitude que nos faz ser tomados
pela angústia, pelo medo do amanhã, nos faz sermos completamente dominados por
uma disposição mental inadequada a nossa fé, e nos desgastarmos fisicamente. Paulo
aqui nos adverte contra a ansiedade nervosa, contra aquela inquietude constante
e os maus pensamentos perturbadores.
O terapeuta cristão Gary R.
Collins faz uma
distinção entre a ansiedade normal, que é uma reação natural diante dos perigos
e ameaças, que é controlada ou diminuída quando as circunstâncias exteriores se
modificam; e a ansiedade aguda ou neurótica, que desenvolve sentimentos
exagerados de desespero e medo, mesmo quando o perigo é inexistente.
A ordem de
Paulo, com base em sua experiência de vida, é não permitir que esses sentimentos
nos domine, mas que, através da oração, da súplica com ações de graças, permitamos
que o Senhor traga paz aos nossos corações e mentes, e assim nos guarde desses
sentimentos malévolos, pois do contrário seremos derrotados e destruídos por
eles.
Moody (o
famoso sapateiro evangelista) fez esse comentário de (Fp 4.6) – Não se preocupe
com coisa alguma, ore acerca de todas as coisas, seja agradecido.
Jesus
em (Mt 6.25-34) estabelece diversas razões para não sermos vencidos pela
ansiedade doentia:
Não se preocupem com o
sustento da vida – (Mt
6.25) Não se preocupem com comida, bebida e roupas, eu criei vocês, eu sustento
a alma e o corpo, isso tem muito mais importância pra mim do que as próprias
vestes.
Percebam o cuidado de Deus
nos mínimos detalhes –
(Mt 6.26,28-30) Deus sustenta e cuida das aves do céu, e dos lírios do campo com
riqueza de detalhes, mesmo não fazendo elas provisão de nada, como ele não
cuidará de vocês? Já observaram por exemplo, os lírios: sem fazer nada
Deus os veste melhor do que o próprio rei Salomão se vestiu em toda a sua
glória real. Vocês valem muito mais do que as aves, vocês são coroas da
criação, portanto confiem em minha providência, e não sejam pessoas de pequena
fé.
Aprendam que a Ansiedade é
inútil – (Mt 6.27) A
ansiedade não altera as condições da vida e nem aumenta a sua duração. O côvado
era usado como medida linear, mas também como medida de tempo. Porque nos
preocupamos demasiadamente com a vida, se não podemos acrescentar um côvado nela?
A ansiedade é desnecessária – (Mt 6.32) Se Deus conhece e sabe
de tudo o que você precisa, então porque ficar agindo como os gentios, se vocês
são filhos de Deus pela fé segundo a promessa feita a Abrão. Quem não conhece a
Deus é que fica preocupado demasiadamente, quem o conhece, sabe que ele supre
todas as necessidades.
Se preocupem com o essencial - (Mt 6.33) A ansiedade rouba tempo
e energia que deveriam ser gastos na difícil construção de seu reino. Se vocês
buscarem o reino e a justiça do reino como prioridade, as coisas menos
importantes e necessárias, tais como sustento, alimento e vestes, serão
supridas naturalmente.
Não aumente seu sofrimento
diário – (Mt 6.34) A
ansiedade por sua própria natureza, é inútil e desnecessária, e ela só
acrescenta maior dose de sofrimento a vida diária que já é difícil e cercada de
muitos males. Então porque sofrer pelo dia que ainda não chegou? Porque sofrer
por um mal futuro se ele nem existe ainda? Porque sofrer por um mal futuro, se
você ainda nem venceu o sofrimento presente?
A Bíblia nos orienta a não
andarmos ansiosos por coisa alguma, ou situação alguma. A ansiedade é uma
patologia espiritual, é uma deformidade da fé, é uma disposição mental
reprovada por Deus.
Paulo em
(Fp 4.6,7) nos prescreve a dose certa, o remédio certo para a ansiedade, e
ainda descreve o resultado do tratamento.
O remédio
para a ansiedade é em primeiro lugar decidir pela fé não se preocupar com coisa
alguma e orar. A dose do remédio é justamente orar todos os dias com fé, por
tudo (“em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições...”) e agradecer a Deus sempre por todas as coisas. (“... com ações de graças”). E se fizermos exatamente o que o
médico Paulo nos prescreveu, o resultado do tratamento será bem satisfatório,
já que (“ a paz de Deus, que excede todo
o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”). Ou seja, sai a ansiedade e entra a
paz de Cristo Jesus que excede todo entendimento.
E o que é a paz de Cristo
Jesus? Bom, ela não é
um simples estado de bem-estar emocional e psicológico. Ela é uma profunda e
indestrutível tranquilidade na alma. A paz de Cristo Jesus, é uma experiência
profundamente arraigada de harmonia entre a alma, e Deus. Portanto, ela é mais
que o livramento dos problemas externos. Eles existirão sempre, mas a paz que
possuo, é a sintonia perfeita com o meu criador, que traz segurança ao meu
coração e ao meu pensamento de que sou capaz de vencer cada um deles.
Deste
instante em diante, esta paz ficará como um (soldado de guarda) em nosso coração,
não permitindo que nenhuma inquietação entre, e faça morada. Depois de a oração
ter expulsado toda preocupação e ansiedade, Deus envia a paz para proteger a
mente contra a invasão de pensamentos que nos perturbam. Que coisa tremenda!
Sabemos
segundo a bíblia que os pensamentos orientam a vida. “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é...”
(Pv 23.7). Como
pensamos, assim somos. Tornamo-nos o que é assunto em nosso pensamento. A alma
é tingida pela cor dos pensamentos, portanto:
Coloque
suas orações nas mãos de Deus e deixe-as lá. Não se preocupe com elas.
Entregue-as completamente, como o semeador faz com a semente, depois de ter
devidamente preparado o solo. Se você fizer isso, a paz de Deus guardará seu
coração e sua mente.
Pedro
também nos dá uma receita para a ansiedade em (1Pe 5.7). Ele diz que devemos
lançar sobre Jesus toda a nossa ansiedade porque Ele tem cuidado de nós. Nas
suas súplicas e petições a Deus com ações de graças, não esqueça de trocar o
fardo com Jesus. Lance sobre ele sua ansiedade, e receba Dele o seu jugo que é
suave e seu fardo que é bem leve. Desta forma descansamos em Deus e temos a
certeza de que ele é fiel para nos suprir todas as nossas necessidades.
Você está ansioso (a) hoje? O
que está lhe inquietando ou perturbando a alma?
Confie em
Deus em todo tempo, descanse no Senhor e não se preocupe com o dia de amanhã,
lance sobre ele toda a sua ansiedade, tenha consciência do cuidado de Deus e de
sua providência, que suas orações sejam com fé, regadas com ações de graças!
Tome esses remédios hoje e
seja curado pela Palavra de Deus em nome de Jesus!
Bendito seja o Evangelho,
Pr. Flavio Muniz