Qual a origem desta festa?
O governo brasileiro extinguiu a
proibição do trabalho em grande parte dos dias considerados santos pelos
católicos. Entretanto, um dos feriados religiosos que ainda permanecem de pé é
o dia em que se comemora a festa de Corpus Christi (expressão latina que
significa “Corpo de Cristo”). A festa é celebrada anualmente,
mas não tem um dia fixo, ou seja, sua data é móvel e deve sempre ocorrer numa
quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Geralmente é comemorada na
quinta-feira da segunda semana de junho. Na realidade, a observação da festa
deveria ocorrer na quinta-feira da semana santa, o dia da última Ceia, mas foi
transferida para outra data para que não fosse prejudicada por causa das
celebrações em torno da cruz e da morte de Jesus Cristo, na sexta-feira santa.
Origem das comemorações
Tudo começou com a religiosa
Juliana de Cornellon, nascida na Bélgica, em 1193. Segundo alegou, teve
insistentes visões da Virgem Maria ordenando-lhe a realização de uma grandiosa
festa. Juliana (mais tarde Santa Juliana) afirmava que a festa seria instituída
para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de
Jesus na Santíssima Eucaristia. Ainda quando era bispo, o papa Urbano IV teve
conhecimento dessas visões e resolveu estendê-la à Igreja Universal, o que
então já era uma verdadeira festa. Pela bula “Transituru do Mundo”, publicada
em 11 de agosto de 1264, Urbano IV a consagrou em todo o mundo, com uma
finalidade tríplice:
Prestar as mais excelsas honras a
Jesus Cristo
Pedir perdão a Jesus Cristo pelos
ultrajes cometidos pelos ateus
Protestar contra as heresias dos
que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada
No Brasil
No Brasil, a festa de Corpus
Christi chegou com os colonizadores portugueses e espanhóis. Na época colonial,
a festa tinha uma conotação político-religiosa. É que dias antes das
procissões, as câmaras municipais exigiam que as casas de moradia e de comércio
fossem enfeitadas com folhas e flores. Na época, quando o Brasil ainda era uma
colônia, participavam da procissão membros de todas as classes, incluindo os
escravos, os leigos das ordens terceiras e os militares. Durante muitos anos, o
entrosamento do povo com o governo, e vice-versa, foi praticamente completo. Um
exemplo que comprova esse fato ocorreu em 16 de junho de 1808, quando D. João
VI acompanhou a primeira procissão de Corpus Christi, realizada no Rio de
Janeiro.
As procissões
O que marca a festa de Corpus
Christi são as procissões, quando ocorrem as ornamentações das ruas com tapetes
feitos de vários tipos de materiais, como papel, papelão, latinhas de bebidas,
serragem colorida, isopor, etc. Desenhos são elaborados nessa ornamentação com
as figuras de Jesus, do cálice da Ceia e da Virgem Maria. Utilizam-se toneladas
de materiais para formar os tapetes vistosos e admirados pelos que acompanham
as procissões.
O mais importante
O momento mais solene da
festividade de Corpus Christi é quando o hostiário, onde estão depositadas as
hóstias ainda não consagradas, é conduzido nas procissões por um líder da alta
hierarquia católica. No momento em que o hostiário passa, um silêncio profundo
é observado por todos os presentes e, de uma extremidade a outra, toca-se a
sineta que anuncia a passagem do cortejo. As reações das pessoas são as mais
variadas. Algumas se comovem ao extremo e choram, outras se ajoelham diante do
hostiário. De ponto em ponto, há uma parada, quando, então, se entoam cânticos
tradicionais. Segundo a liderança romana, as ornamentações são feitas para que
o Corpo de Cristo possa passar por um local digno, para ser visto por todas as
pessoas. Representa uma manifestação pública da fé na presença real de Jesus
Cristo na Eucaristia.
Eucaristia
Ensinando sobre a Eucaristia, diz
a Igreja Católica: “A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão
de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do
vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o
Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor,
debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”.
Ensina, ainda, que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no
céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação,
“ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de
consagração: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue’”. O catecismo católico
traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos:
“Deve-se adorar a Eucaristia?”. E responde: “A Eucaristia deve ser adorada por
todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus
Cristo Nosso Senhor”.
O que diz a Bíblia?
Os católicos procuram justificar
a festa de Corpus Christi com a Bíblia citando partes dela que supostamente dão
base para o dogma da Eucaristia. Os textos mais freqüentemente são os de Mateus
26.26-29; Lucas 22.14-20 e João 6.53-56. Essa doutrina é contrária ao bom senso
e ao testemunho dos sentidos: o bom senso não pode admitir que o pão e o vinho
oferecidos pelo Senhor aos seus discípulos na Ceia fossem a sua própria carne e
o seu próprio sangue, ao mesmo tempo em que permanecia em pé diante deles vivo,
em carne e osso. É manifesto que Jesus, segundo seu costume, empregou uma
linguagem simbólica, que queria dizer: “Este pão que parto representa o meu
corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho neste cálice representa o
meu sangue, que vai ser derramado para apagar os vossos pecados”.
Não há ninguém, de mediano bom
senso, que compreenda no sentido literal estas expressões simbólicas do
Salvador. A razão humana não pode admitir tampouco o pensamento de que o corpo
de Jesus, tal qual se encontra no céu (Lc 24.39-43; Fp 3.20-21), esteja nos
elementos da Ceia. Biblicamente, a Ceia é uma ordenança e não uma Eucaristia;
era empregado o pão e não a hóstia; é um memorial, como se lê em 1Coríntios
11.25,26, e sua simbologia está em conformidade com o método de ensinamento do
Senhor Jesus, que usou muitas palavras de forma figurada: “Eu sou a luz do
mundo” (Jo 8.12); “Eu sou a porta” (Jo 10.9); “Eu sou a videira verdadeira” (Jo
15.1). Quando Jesus mencionou na última Ceia os elementos “pão” e “vinho”, não
deu qualquer motivo para se crer na transubstanciação.
Não se engane, adorar a
Eucaristia também é um ato de idolatria!
Autor : Pr. Natanael Rinaldi – Cacp.org.br