(Gl 1.6-9; Jo 1.35-42) -“Admira-me que estejais passando tão depressa
daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual
não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho
de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho
que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já
dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema”. (Gl 1.6-9).
Estamos vivenciando dias tenebrosos em relação à mensagem do Evangelho.
O Evangelho puro e simples tem sumido dos púlpitos e tem sido pregado em seu
lugar um outro evangelho, levando as pessoas a terem uma ideia totalmente
distorcida de quem seja realmente Jesus, e, principalmente, porque Ele morreu
na cruz.
O outro evangelho nada mais é
do que um evangelho que foi pervertido, corrompido, que foi além do evangelho
de Cristo pregado por Paulo e pelos apóstolos. O “evangelho que vai além” não é somente um evangelho diferente,
estranho, controverso á Palavra ou melhorado, na verdade ele é tão desprovido
de autoridade divina, essência da cruz, e conteúdo cristocêntrico que o podemos
chamar de “Outro evangelho”.
No texto que
lemos, vemos como o Apóstolo Paulo ficou estupefato em saber como as igrejas na
Galácia se distanciaram do Deus verdadeiro e do evangelho verdadeiro que os
chamou na graça de Cristo. A transgressão daquelas igrejas foi além de se
desviar da mensagem apenas; elas se distanciaram da mensagem do evangelho e de
Deus. A suposta mensagem de “boas novas” de salvação ao qual eles estavam
sendo levados era desprovida da verdade e muito perigosa. Sem dúvida tinham
argumentos convincentes e lógicos, pois, assim como, a Serpente no Jardim
poluiu a verdade ao ponto de descaracterizá-la completamente, eles tinham
erradicado a mensagem do Evangelho de qualquer conteúdo da graça salvadora em
Cristo Jesus.
De fato, não
existe outro evangelho, mas estes
estavam pervertendo “o evangelho de Cristo” de tal maneira, que Paulo o chama
de “outro evangelho”. Perverter(desvirtuar)
o evangelho significa, acrescentar ou diminuir coisas da pura verdade do
evangelho sem a autoridade de Cristo.
Paulo sempre se preocupou com o conteúdo do
evangelho que as igrejas estavam pregando e aceitando (2Co 11.2-4; Ef 3.8)
O ministério de Paulo era tão centrado em Cristo, e
identificado com Cristo que ele sempre tratou o evangelho (seu conteúdo, sua
beleza, seu poder, seu caráter e natureza) em máxima consideração, ao ponto de
chamá-lo de seu evangelho (At 20.24; Rm 16.25; 2Tm 2.8).
A reação de
Paulo ao saber da atitude dos Gálatas beirou até mesmo o impossível e o absurdo: “ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos
pregue evangelho que vá além daquele que vos temos pregado e recebestes, seja
anátema”. “Anátema” quer dizer “separado
para ser destruído, excomungado, amaldiçoado”.
Paulo
afirmou enfaticamente que o evangelho que ele ensinava não veio do homem, não
era centrado no homem, porque se viesse dos homens, seria mais agradável a
eles. Mas, o evangelho de Paulo veio mediante a revelação de Jesus Cristo para
agradar a Cristo (Gl 1.12). Até mesmo foi perseguido por seu evangelho, até
pelos próprios gálatas! (Gl 4:16). Quando Paulo recebeu o evangelho de Cristo ,
ele não foi para Jerusalém para ser instruído pelos outros apóstolos. Antes,
ele foi diretamente para Arábia e Damasco, pregando o evangelho que tinha
recebido do Filho (Gl 1:15-17).
Sabe irmãos nesses dias o Evangelho
puro e simples de Cristo tem sido substituído por melhores soluções que sejam
adaptadas as necessidades dos homens:
· Sincretismo
religioso
(Sincretismo - Sistema filosófico ou religioso que tende a fundir numa só
várias doutrinas diferentes; ecletismo). Satanás sabe que o povo é
supersticioso, cheio de crendices e por isso alimenta isso dentro da igreja
fazendo o povo errar o único caminho que é Cristo. Levando o povo santo do
Senhor a idolatria, a feitiçaria, ao distanciamento de quem é Deus, do que ele
fez por nós e de que maneira se revelou a nós. A igreja coluna e baluarte da verdade, comprada com sangue precioso e
incalculável, infelizmente ela crucificou o evangelho, ao invés de pregar
Cristo, e este crucificado.
· Modismos
humanos (nova
unção, congressos proféticos, despertamento da noiva, cultos excêntricos com
pastores divinizados). Ensinando o povo que através de subterfúgios podemos nos
transformar pra melhor, podemos alcançar de Deus muitas coisas, podemos
melhorar nossa vida espiritual, podemos realizar milagres e maravilhas.
· Banalização
dos títulos
(Paipóstolo, patriarcas apostólicos). Levando o povo a adorar os homens e não a
Deus, levando o povo a divinizar o que é humano, e a dessacralizar o que
verdadeiramente é santo. Não se pode questionar nada, não se pode falar nada, é
a igreja transforma em seita, pois existe uma só voz divina que fala por todos,
decide por todos e está sobre todos. Jamais pode existir julgamento, pois isso
é errado, ainda que a bíblia diga que devemos
não julgar pela aparência, mas sim pela reta justiça (Jo 7.24).
· Doutrinas
agradáveis – Já algum
tempo a igreja tem adotado uma prática comum de melhorar a verdade de Deus, de
ajudar Deus a salvar os pecadores com uma mensagem mais agradável, mais
palatável, sem confronto com o pecado, sem compromisso com a santidade,
retirando a cruz e colocando o homem no centro.
Portanto, a mensagem boa passou a ser auto-ajuda, e não ajuda do alto, o
ensino bom passou a ser melhorar o ser humano e não transformar o ser humano. Agora
podemos nos conformar com o pecado porque os pregadores amenizaram os terrores
de Deus sobre cada um deles e nem mais falam de inferno, como também não falam
mais da graça salvadora e educadora de Tito 3 que nos alcança, ajuda e exorta a
vivermos uma vida sensata, justa e piedosa. E pasmem, até o batismo e a santa ceia já
retiraram da igreja.
A bíblia nos adverte quanto a esses: “Porque os tais são falsos
apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o
próprio Satanás se transforma em anjo de luz”. (2Co 11.13,14)
No entanto, tudo isso não passa de uma distorção do verdadeiro
Evangelho. Do Evangelho que liberta o pecador e traz alento a alma carente da
graça de Deus. O texto revelador de João, nos leva a uma reflexão sobre o
quanto a Verdade transformadora do Evangelho pode mudar o ser humano. E por que
cremos assim?
1 – Em primeiro lugar: o Verdadeiro Evangelho leva as pessoas seguirem a
Cristo e não seguirem a homens.
“No dia seguinte, viu João a
Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a
primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim
de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. No
dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e,
vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos,
ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus”. (Jo 1.29-31; 35-37).
João Batista tinha consciência de quem ele era e de quem viria, por isso
se preocupou em ensinar seus discípulos a olharem e a seguirem aquele que tanto
ele anunciava. Certa vez foi preciso ele mesmo dizer aos religiosos de seu
tempo que ele não era o Cristo. Seus discípulos testemunharam disso, quem sabe
ficaram perplexos ou decepcionados. Espantados por virem seu mestre ensinando,
curando, profetizando e batizando como um Messias de verdade deveria fazer.
Mas, vemos aqui que João não se preocupou com isso, então, aqui, ele começa a cortar
o cordão umbilical deles, a se desvencilhar deles, fazendo com que eles
seguissem a Cristo e não a ele.
Hoje o que mais temos visto são líderes preocupados em fazer seus
seguidores, seus discípulos e não discípulos de Jesus, ou então seguidores de
determinadas igrejas (venha para minha igreja e você será abençoado...).
Estamos vivendo a época do culto as celebridades. As pessoas vão ao culto por
causa de fulano, por causa de beltrano e não para adorar a Deus. Isso deveria
gerar uma preocupação profunda em nosso ser com relação a nossa
espiritualidade. Meu compromisso é com Deus e não com o homem, minha vida é
para Deus e não para o homem, porque fui separado para Deus e não para o homem.
Como estamos vivendo o nosso cristianismo? Em função do homem ou de
Deus? Ouvindo o homem ou ouvindo a Deus? Expressando uma fé centrada em Deus ou
no homem?
2 – Em segundo lugar: o Verdadeiro Evangelho testemunha a verdade que é
Cristo o Messias.
“Era André, o irmão de Simão
Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele
achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que
quer dizer Cristo)”. (Jo 1.40,41).
A bíblia nos revela que um dos dois discípulos que estavam com João, era
André. E ele ao encontrar-se com Jesus através do testemunho de João foi
inundado por uma alegria indizível, uma esperança contagiante, e um desejo
divinal de testemunhar a respeito do seu verdadeiro mestre e messias. Por isso,
ele corre ao encontro de seu irmão Simão Pedro para dizer que havia encontrado
o Messias, o ungido.
Entenda isso: O povo Judeu esperava ansioso o surgimento de um
Salvador, o Messias. Aguardavam dia a dia o surgimento desta divina pessoa prometida
por Deus. Esperavam porque esse Salvador fora prometido diversas vezes no
Antigo Testamento. Veja um texto apontando o surgimento dessa pessoa: “Eis
que o SENHOR fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à
filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e
diante dele, o seu galardão.” (Is 62).
A palavra Messias em hebraico
quer dizer “ungido”. É um título
que significa que a pessoa era separada especialmente pelo Senhor para uma obra
especial. Jesus era esse Messias. O Ungido prometido por Deus. Daí nós
entendemos o grande entusiasmo de André em falar a todos que havia encontrado
“O Messias”, Jesus.
Inclusive, a
palavra “Cristo” não é um sobrenome de Jesus, mas um título. Cristo na língua
grega significa “ungido”. Assim, Messias (em hebraico) e Cristo (em grego) são
títulos que significam a mesma coisa: Ungido.
Foi André que apresentou Simão ao Messias prometido, e não a mais um dos
vários messias que já haviam surgido em sua época. André é um exemplo para
nós. Assim como ele apresentou Jesus ao seu irmão, nós devemos apresentar e
principalmente testemunhar de Jesus às pessoas, mas não um Jesus genérico como
se tem pregado por aí, mas o Jesus verdadeiro. O Jesus que a Bíblia nos
apresenta.
O Jesus que é salvador, mas também é Senhor, o Jesus que é santo e exige
santidade, o Jesus que ama incondicionalmente, mas que se ira
incondicionalmente também, o Jesus que foi justiçado por Deus por nossos
pecados. O Jesus que pregou e ensinou sobre o Reino dos céus, mas que não negou
a realidade do inferno. O Jesus que é Senhor compassivo, clemente, longânimo,
misericordioso e fiel, mas que não inocenta o culpado. O Jesus que cura e opera
sinais e maravilhas, mas também aquele que ensinou: a tua fé te salvou.
Pregar, ensinar, viver e testemunhar de Cristo demonstra ser uma
expressão de vida espiritual sadia daqueles que verdadeiramente foram
transformados por seu Evangelho.
3 – Em Terceiro lugar: quem tem o Verdadeiro Evangelho procura levar as
pessoas a conhecerem a Cristo
“e o levou a Jesus. Olhando Jesus
para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer
dizer Pedro). (Jo 1.42).
André não se conteve após ter encontrado Jesus. Ele procurou em primeiro
lugar o seu irmão e lhe testemunhou que havia encontrado o Messias. A bíblia
não diz, mas qual foi a reação de Simão ao ouvir seu irmão lhe falar de mais um
Messias? O que veio a mente de Simão, como um Judeu, vivendo diante da opressão
romana, ao ouvir dizer que o Messias era vindo? O que ele pensou ou de que
maneira ele reagiu a bíblia não diz, mas nos informa que André levou Simão até
Jesus. Veja queridos, André não orou para que Simão viesse até Jesus (não que
não possamos fazê-lo), André não profetizou para que Simão viesse até Jesus.
André não distorceu a mensagem e o testemunho para que Simão viesse até Jesus.
André na verdade somente testemunhou e falou das coisas que viu e ouviu
da parte do Messias ao ficar hospedado em sua casa. Bastou André conhecer o
Messias para que ele tivesse a vontade de fazê-lo conhecido. E olha que aquele
ensino de Jesus aos seus discípulos depois da ressurreição aconteceu bem depois
desse episódio: “mas recebereis poder,
ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. (At 1.8).
Um ditado diz: “Aquilo que você é
troveja tão alto que não consigo ouvir o que você diz”.
Caros irmãos, nós precisamos aprender com a bíblia, a maneira correta de
levar as pessoas até Jesus. Ouvimos do Messias, estudamos sobre o Messias,
estamos na igreja do Messias, as vezes até testemunhamos do Messias, mas não
levamos as pessoas até o Messias. Porque será? Eu creio irmãos que isso
acontece porque temos falhado no testemunho pessoal, e no testemunho do
conhecimento das Escrituras.
Li uma frase no Face: “A Palavra convence,
mas o exemplo arrasta”. O problema é que nós nem convecemos, nem
arrastamos. André, convenceu e arrastou Simão até o Messias, porque? Porque
conhecia a Palavra e testemunhava da Palavra.
Se estamos em Cristo, precisamos andar assim como ele andou, precisamos
pregar e testemunhar do Evangelho verdadeiro, tendo como centro a cruz, o
arrependimento de pecados, e a vitória sobre o pecado, satanás e o mundo pela
ressurreição, assim como ele pregou e fez disso o âmago de sua mensagem.
“Então, lhes abriu o entendimento
para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo
havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu
nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando
de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. (Lc 24.46-48)
As pessoas não conhecerão a Cristo se falharmos com nosso testemunho.
Apesar de todo esforço empreendido ao evangelismo mundial, a igreja não
conseguirá levar pessoas a Cristo se não for pelo testemunho e proclamação do
verdadeiro Evangelho.
A verdade transformadora do Evangelho:
·
Leva as
pessoas a seguirem a Cristo e não a homens;
·
Testemunha
da verdade que é Cristo;
·
Leva as
pessoas a conhecerem a Cristo;
Bendito para sempre seja o Evangelho!
Pr. Flavio Muniz