quarta-feira, 19 de junho de 2013

Carta aberta a todos os cristãos e a igreja brasileira

Mobilização Divina

Grandes mobilizações sociais estão fazendo parte da história do nosso país nesses dias em que o país da bola se volta para o esporte que lhe é mais popular, o futebol. Segundo declarou um narrador bem conhecido: “O Brasil é a pátria de chuteiras”. Se ele estiver certo precisamos concordar que somente somos patriotas ou cidadãos de verdade quando a bola rola e as ruas se enfeitam de verde e amarelo. Mas, como acredito que ele está errado, concluímos então, que o povo brasileiro não é patriota somente em tempos de “copa”, na verdade o povo brasileiro nunca deixou de ser patriota, nunca deixou de amar a pátria e reverenciar sua bandeira. Todos amam o Brasil, e isto está demonstrado em várias mobilizações em várias partes do mundo. É verdade que não somos patriotas tão acima da média como em outros países, mas em contrapartida somos um povo único e incomum em nossa alegria e em nossa criatividade. Nossas festas são verdadeiramente democráticas e ordeiras, nossas reivindicações são sinceras. Não mascaramos o estado de nossa nação só “para inglês ver”. Queremos um Brasil limpo e sem corrupção moral, uma justiça que alcance a todos, uma divisão igualitária de direitos e deveres, uma divisão correta da renda per capita, uma sincera e constante política pública para os pobres e menos favorecidos. Exigimos que mesmo que o salário seja “mínimo”, honre a constituição federal e nos sustente em todas as necessidades básicas. Com isso, estamos dizendo que não queremos simplesmente ser o país do futebol e da copa, não queremos ser somente o país do futebol, muito menos ser classificados como a oitava economia do mundo. Queremos e podemos ser mais do que isso.
Queremos sim poder cantar o nosso hino com grande ardor no peito e dizer em grandes gritos: “Paz no futuro e glória no passado”. Portanto, para que isso aconteça precisamos ser ativos provocadores de mudanças em diversos setores de nossa sociedade para que sejamos um país campeão, e não um país campeão da bola. Precisamos acabar com os desvios de verbas públicas destinadas a saúde, equacionar os problemas de mobilidade urbana com mais investimentos em transporte de massa. Tratar a educação do país com dignidade, honrando os professores e zelando por uma escola pública com ensino de qualidade equiparado as melhores escolas particulares do país. Reivindicar e participar do complexo processo de reforma política e fiscal no qual vários setores da sociedade civil anseia. Cobrar dos grandes líderes governamentais uma transparência maior dos gastos públicos, principalmente no que se refere aos seus próprios salários nababescos e bem acima da inflação como não acontece com o salário mínimo.

Talvez você nem perceba, mas tudo isso que está acontecendo em nosso lindo país faz parte de uma mobilização divina. Mobilização porque são os cidadãos que se levantam para se fazer representar já que sabem que aqueles que lá estão não os representam na medida em que merecem. Divina porque o Deus da Bíblia além de ser santíssimo, é justo e abomina o mau e a injustiça em todas as suas formas. Sua ética social se faz presente quando baseado no amor ordenou a todos: “amem a mim acima de todas as coisas, mas amem o próximo como a vocês mesmo”. Com isso, encontramos mais um predicado do Eterno, único e soberano, que se mostra não ser egoísta em seus propósitos eternos de serviço e salvação. O Deus da Bíblia não pensa em si e sim em todos.

Como Igreja devemos discernir os tempo e as épocas, e isto significa que no exercício pleno de nossa fé e cidadania devemos nos posicionar como o nosso Deus se revela e se mostra em sua Palavra. Abominando toda forma de mau, pleiteando a justiça, sendo a favor dos menos favorecidos, dando voz aos que não tem voz, futuro e esperança, e se fazendo próximo daqueles que nem mesmo conhecemos.

A arte de bem governar e administrar com competência são exigências constantes de Deus. Basta lermos como exemplo, o livro do profeta Isaías. Isaías é corretamente denominado pelos estudiosos de “profeta da justiça social”. Sua reivindicação pela justiça social como resultado de uma política responsável e consciente era a reivindicação do próprio Deus que o enviara a profetizar. 

“Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei á justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas”. (Is 1.16-17).

Sabemos quais são os efeitos de uma crise sócio-econômica: desemprego, juros altos, carga tributária elevada, aumento nas tarifas públicas, falência de organizações, estagnação econômica, violência, pessimismo. A causa das crises sócio-econômicas a nível mundial está numa política defeituosa e incapaz. E qual seria, por sinal, a causa deste defeito? É simples: a maioria dos líderes políticos estão querendo dirigir o mundo sem Deus e sem a Bíblia. Acredite, o maior e melhor programa de governo de todos os tempos é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. É verdade que num mundo de pecado em que vivemos é impossível como cristãos reivindicarmos um governo eminentemente teocrático, contudo, quando os princípios bíblicos regem a conduta e a moral dos dirigentes, Deus abençoa a nação.

“Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança”. (Sl 33.12)

A igreja evangélica brasileira não pode mais continuar vivendo um Evangelho distanciado da realidade política e social que a cerca. Precisamos procurar praticar uma religião mais identificada com os anseios e angústias da sociedade, uma religião sensível ao clamor do oprimido e que confronte os opressores. Devemos buscar viver um Evangelho fortemente comprometido com a justiça social, que não se coadune com os valores de uma sociedade secularizada, e que denuncie toda impunidade, corrupção e toda forma de pecado que não o honre como Deus. Nosso Evangelho precisa sair das páginas da Bíblia e andar por entre as ruas, becos e vielas deste país. Nosso culto precisa ser um equilíbrio entre vida de culto e culto da vida.

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10)

Cultivando um autêntico compromisso com a mobilização divina, encarnando a ética e a moral cristãs e sendo efetivamente participativos cidadãos do Reino e do Brasil, pela graça de Deus e o exercício fiel de nossa fé poderemos transformar a crise em esperança.

Bendito seja o Evangelho!

Pr. Flavio Muniz








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Palavra de Nova Vida - Pr. Flavio Muniz

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