Após a celebração da Ceia (Jo 15.1-6,16)
A celebração da Ceia nos faz festejar a unidade e nos diz que estamos enraizados em Deus, arraigados na divindade, após a Ceia Jesus declarou: “permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15.4). A palestina é uma terra de vinhas e a própria videira está associada á vida do povo de Israel. O Antigo Testamento apresenta Israel como uma videira ou vinha sob o vigilante cuidado de Deus (Sl 80.8; Jr 2.21).
Foi após a ceia que Jesus declarou: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1). Aqui Jesus aplica a idéia da videira a si mesmo e aponta os seus discípulos como ramos. Portanto, Cristo é a videira verdadeira, genuína. Israel era a vinha que Deus trouxe do Egito, mas não deu fruto. Agora Cristo se apresenta como videira, e ensina que para haver fruto aceitável a Deus, devemos permanecer em íntima comunhão com Ele.
Preste atenção nisso: A celebração da ceia requer permanência em Cristo, como celebração do corpo. Permanecer é um mandamento, uma ordem. A ceia se torna um ato despojado do seu verdadeiro significado quando os seus celebrantes não permanecem em Cristo, não fazem parte da videira, não se alimentam de sua seiva, o que conseqüentemente “será lançado fora á semelhança do ramo, e secará, e o apanham, lançam no fogo e o queimam” (Jo 15.6).
Permanecer na videira é uma questão de vida ou morte, ou permanecemos nele ou morreremos, ou somos parte de Jesus ou não somos; ou enraizamos em seu caule para termos vida ou secaremos como ramos imprestáveis.
Aspectos da Ceia
Ceia é celebração de vida – Vida para quem permanece na videira, vida para quem está enraizado em Jesus, para quem tem seiva de Deus correndo em suas veias “Quem de mim se alimenta, por mim viverá” (Jo 6.57).
Não existe vida para quem não é ramo enraizado. Não há celebração da vida para quem não está arraigado na videira verdadeira . Não há celebração para ramo seco, pois este não celebra. Talvez uma das razões para tantas mortes espirituais na igreja de Corinto foi a celebração da Ceia por parte de ramos secos (1Co 11.29-30). O termo grego para a palavra “dormem” neste texto é koimontai, que significa “cair no sono”, “morrer”. E Paulo ainda chega a afirmar que o número de pessoas nesta situação era alarmante “e não poucos”, ou seja, uma grande quantidade. As pessoas que participavam da Ceia de maneira indigna, o faziam costumeiramente, repetida vezes. Nunca pararam para fazer uma análise de si mesmos, nunca colocaram suas atitudes e ações em experimento; nunca provaram o seu caráter, nunca colocaram em xeque seu compromisso cristão. Se assim fizessem, com certeza, saberiam que não passavam de meros ramos secos, separados da videira, e auto-alienados da verdadeira celebração do corpo. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo” (1Co 11.28/ Rm 2.15).
Observe: Os ramos não tem fonte de vida em si mesmos, mas recebem a vida da videira.
Cear é celebrar o corpo, é festejar – “A unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3); é demonstrar que estamos firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (Fp 1.27). Só festeja o corpo quem permanece em Cristo, enraizado nele, se alimentando dele como seiva vital. E o teste para sabermos disso, é justamente os frutos, Jesus disse que quem estiver nele e não der fruto ele o corta (Jo 15.2), pois existem ramos que estão na videira e não produzem frutos, ou seja, estão ligados á videira, fazem parte dela, mas, no entanto, são estéreis, não produzem, não exteriorizam em frutos o que recebem da videira, e por isso estão prestes a secar.
Produzir frutos é o tira-teima para saber quem permanece em Cristo e quem não permanece, quem verdadeiramente celebra o corpo e quem não celebra, quem está vivo e quem está morto. Produzir é a marca de quem celebra o corpo, de quem festeja a vida.
A produção de frutos é uma atividade contínua, pelo menos é o que nos diz o tempo presente dos verbos gregos usados por João ao transmitir as palavras de Jesus no capítulo 15 de seu evangelho. Tornamos-nos ramos enraizados nele, mediante a fé, arrependimento e batismo, fomos imersos em Jesus “todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes” (Gl 3.27); da mesma forma como as roupas nos vestem, nos envolvem, e de certa forma identificam nossa posição, somos vestidos de Cristo e nos identificamos com Ele. Se de fato permanecemos nele e celebramos a vida, damos frutos, e se damos frutos é porque fomos imersos em Cristo, batizados nele, revestidos nele. Não nos esquecendo de que foi ele quem nos escolheu e não nós a ele (Jo 15.16). A idéia da frutificação, repetida diversas vezes por Jesus após a celebração da ceia, devia encher os corações dos discípulos de plena certeza de sua função como ramos produtivos.
A questão é você está na videira? Você é ramo enxertado na videira? Está produzindo frutos? Você tem consciência de que é um pão repartido entre seus irmãos? Que frutos você tem produzido? Como anda o seu amor, e seu serviço?
Os discípulos levaram algum tempo para entender que a manifestação de Jesus entre nós se dá quando partimos o pão, quando nos dedicamos uns aos outros em amor, quando somos expressões vivas de um Deus vivo, quando plantamos boas sementes na vida do outro, quando frutificamos na vida do outro e no Reino (Lc 24.30-31,35). Jesus já estava vivo, mais eles somente o reconheceram depois que o pão se partiu. Foi no partir do pão que eles o reconheceram.
Preste atenção nisso: Na ceia apesar de celebrarmos em memória da morte do Senhor até que ele venha não devemos nos esquecer que ele ressuscitou e está vivo, e por isso virá! Na ceia Jesus está presente como anfitrião, sua presença é real entre nós, suas virtudes estão em nós, seus benefícios espirituais são renovados em nós.
Celebre o corpo, afinal você é um pão repartido. Não participe da mesa sem ter a real consciência de que ele emana vida através do corpo, através de mim e de você. Quem sabe você já perdeu o desejo de servi-lo, de amá-lo. Quem sabe você ainda não se apercebeu de que ele está vivo, e vive em você, para você viver por ele. Quem sabe você é ramo enxertado na videira que não anda produzindo frutos. Quem sabe você fez Jesus estar morto no seu cristianismo, quando na verdade ele sempre viveu em você!
Que Deus te abençoe rica e abundantemente,
Pr. Flavio Muniz